O fim da farra

O fim da farra

Com que então andam por aí perto de três mil igrejas milagreiras e o país está como está? Grandes fanfarrões! Imaginemos que cada uma destas igrejas tenha o mínimo de três pastores, teremos nove mil pastores a fazer milagres em Angola. É muita acção. Aos anos que por aí andam, o país seria já o próprio paraíso. Em dez anos, cada angolano já deveria ter sido “milagrado” pelo menos uma vez. E como eles só falam de dinheiro, seríamos o país com mais ricos do mundo. Com dinheiro vindo o banco central das alturas. Temos muito mais pastores, as igrejas multinacionais brasileiras, por exemplo, espalham templos (caixas registadoras) por todos os bairros. Há, na verdade, um exército de pastores milagreiros a quem temos de perguntar sobre os efeitos dos seus milagres. Há doenças, mortes e pobres em demasia em Angola. O Estado faz muito bem nesta sua decisão de encerrar a festa. Mas vai ter de avançar também para a justiça. Os promotores e pastores saqueadores devem ser processados, causaram danos financeiros a muitos milhares de angolanos. Agora que estamos numa de combate à corrupção, desvios, fuga ao fisco e lavagem de dinheiro, eu não quero acreditar que os serviços especializados do Estado não saibam como certas igrejas fazem sair o dinheiro de Angola. Aliás, há nas redes sociais denúncias feitas por dissidentes. Por fim, não é engraçado que os milagreiros que fazem os inférteis terem filhos tenham de ir ao médico para fazer a sua vasectomia?