Research Atlantico: A moderação da recessão nacional

Research Atlantico: A moderação da recessão nacional

O Fundo Monetário Internacional (FM I) perspectiva que a economia angolana apresente recessão de 0,1% em 2018, de acordo com os dados do relatório World Economic Outlook divulgado em Outubro. O registo representa uma revisão em baixa em relação à perspectiva de 2,2% de crescimento apresentada no relatório divulgado pela instituição de Bretton Woods em Junho do ano corrente, em consequência da visita ao país ao abrigo do Artigo IV

POR: Atlantico

A expectativa para 2018, no entanto, representa uma recuperação do desempenho da economia nacional tendo em consideração que em 2016 e 2017 o FMI considera que se tenham registado recessões de 2,6% e 2,5%, respectivamente, em linha com os dados apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em Maio do ano corrente. Para 2018, os dados divulgados pelo INE demonstram que no primeiro trimestre o PIB contraiu 2,2%, o que sinaliza uma recuperação em relação à variação de -4,3% apurada no trimestre anterior, no entanto, representa um registo que revela uma pressão significativa sobre o objectivo de 2,3% de crescimento previsto pelo Executivo para o fecho do ano no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN 2018 – 2022). Numa perspectiva comparativa, o Produto Interno Bruto apresentou um desempenho inferior ao da maior economia exportadora de crude da África Subsariana – Nigéria – em 2016 e 2017, que apresentou no período recessão de 1,6% e crescimento de 0,8%, respectivamente. Para 2018, o FMI perspectiva que a economia nigeriana continue a crescer a uma taxa de 1,9%. Entretanto, para os anos seguintes, perspectiva-se que a economia angolana cresça em média 3%, que deverá superar o crescimento da nigeriana em aproximadamente 1 p.p., de 2019 até 2023.

O FMI ressalta, contudo, que a volatilidade gerada pela crescente tensão comercial, principalmente, entre os EUA e a China, e pela política monetária acomodatícia em curso nas economias avançadas, apresentam-se como os principais factores de risco, que poderão impactar na redução da procura por commodities e no encarecimento do endividamento das economias emergentes e em desenvolvimento, tendo-se em consideração o incremento da rentabilidade dos activos menos arriscados das economias desenvolvidas. No entanto, a execução do Plano de Estabilização macroeconómica (PME) do Executivo, a par da entrada em funcionamento de novos campos petrolíferos, associada a atracção de novos financiamentos para a execução de projectos estruturantes ligados ao sector da energia, construção e indústria extrativa, deverão contribuir para um melhor desempenho da economia angolana em 2019. As recomendações para que se alcance o desenvolvimento económico incluem ajustes fiscais como mudanças nos gastos para gastos produtivos e sociais, adopção de impostos progressivos (que variem de acordo com a renda), reformas nas empresas estatais como se perspectiva que deverá ocorrer nos próximos anos, com o Executivo a estimar que aproximadamente 74 empresas públicas sejam privatizadas.

Adicionalmente, o incremento do investimento nos sectores da Saúde e Educação representa uma estratégia a adoptar que poderá garantir o aumento da eficiência no mercado de trabalho. O controlo monetário realizado pelo BNA tem contribuído para que a inflação apresente variação moderada, com a taxa acumulada nacional a fixar-se em 16,15% no mês de Setembro, inferior em 6,85 e 4,35 p.p., à perspectiva de fecho do ano do PDN e do FMI, que se fixam em 23% e 20,5% respectivamente. Assim, as estratégias em curso para que se garanta um crescimento económico com reflexo no aumento da qualidade de vida da população poderão obter um impulso significativo com o início da cooperação entre Angola e o FMI no âmbito do Programa de Financiamento Ampliado previsto para o princípio de 2019, segundo declarações do Ministro das Finanças