Real e palpável

Real e palpável

A província do Cuanza-Sul, aqui mesmo ao lado de Luanda, tem apenas um médico cardiologista, que é expatriado, para atender uma população que anda perto dos dois milhões. Se alguém inventou estes dados não fui eu, aviso já. A fonte é mais do que digna de confiança, é o próprio director-geral do Hospital Provincial “17 de Setembro”, Agostinho Cardoso. Portanto, ao pessoal do Cuanza- Sul só resta uma solução: encontrar uma forma de viver sem coração, porque não há como tratá-lo em caso de necessidade. Sim, assumir que o coração não existe. Se parar, parou, não há “oficina”, muito menos “mecânico”. É uma realidade triste, mas que não deve “envaidecer” os do Cuanza-Sul, esta realidade não é um exclusivo seu. E de pensar nos milhares de milhões que se andou a gastar com consultores de escrever cartas e politólogos de meia-tigela… No Domingo, OPAÍS, publicou uma reportagem sobre um posto de saúde, no Longa (província de Luanda), onde tudo o que têm é um enfermeiro de base. Sim, temos assuntos verdadeiramente urgentes para resolver, dos que o povo sente todos os dias. Mas estas feridas, como são nuas e cruas, dolorosas, não cabem nos discursos, os políticos têm miopia selectiva.