INE confirma que economia angolana está em recessão

INE confirma que economia angolana está em recessão

A economia nacional, ou seja, o produto interno, cai há três trimestres sucessivos e o resultado do segundo trimestre deste ano foi de menos 7,4%, dados que confirmam a recessão, num momento em que a inflação virou

POR: Luís Faria

A economia angolana, aferida a sua evolução do Produto Interno Bruto (PIB), caiu 7,4% no segundo trimestre deste ano, de acordo com uma nota do Instituto Nacional de Estatística (INE). Trata-se de uma comparação (homóloga) com a evolução do PIB em igual período de 2017, ano em que a economia angolana regrediu. A quebra verificada no primeiro trimestre, ainda segundo o INE, foi de 4,6%, pelo que, em termos médios, a economia  quebrou 6,05% nos primeiros seis meses deste ano. Desde o terceiro trimestre de 2017 que o crescimento da economia angolana se encontra em plano inclinado e uma quebra tão acentuada só encontra paralelo, desde 2010, no quarto trimestre de 2015, quando quebrou 11,33%, e no terceiro trimestre de 2016, quando registou uma queda de 7,55%.

Embora o Executivo mantenha uma perspectiva positiva para a evolução da economia este ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já tinha avançado, nas suas previsões de Outono, com nova variação negativa do produto interno nacional. Registe-se que Angola está a negociar com o FMI um programa de ajuda que inclui um envelope financeiro que, na óptica das autoridades nacionais poderá atingir USD 4,5 mil milhões, repartidos por três tranches anuais. A acentuação da quebra do PIB também se confirma num momento em que o INE divulgou que a inflação, em Setembro, havia invertido a sua trajectória descendente, com os preços a registarem a sua maior variação mensal em quatro anos. A política cambial, a avaliar pela taxa de juro de referência resultante dos últimos leilões de divisas promovidos pelo Banco Nacional de Angola (BNA), com a participação da banca comercial, parece estabilizar ou depreciar menos face às principais moedas, o Euro e o Dólar.

O INE atribui “fundamentalmente” o pior desempenho da actividade económica no segundo trimestre de 2018 em relação a igual trimestre de 2017 “às actividades da pescas (-10,0%), indústria transformadora (-8,8%), extracção e refinação de petróleo (-8,4%), outros serviços (-6,2%), Extracção de Diamantes e outros Minerais (-6,1%), administração pública, defesa e segurança social obrigatória (-5,9%), correios e telecomunicações (-5,3%), comércio (-4,3%), agro-pecuária e silvicultura (-2,2%) e construção (-0,7%), respectivamente”. O crescimento angolano, de acordo com os dados do INE, foi negativo em quase 2,6% em 2016. A economia recuperou entre o terceiro e o quarto trimestre de 2016, abrandando de ritmo, embora mantendo-se em terreno positivo entre o quarto trimestre de 2016 e o segundo trimestre de 2017, para aumentar de ritmo de crescimento no terceiro trimestre do último ano e entrar em plano inclinado desde então. O FMI, nas previsões feitas, há uma semana, no ‘World Economic Outlook’, aponta para uma contracção de 2,5% no ano passado e de 0,1% este ano.