Lunda-Norte lidera taxa de imigração

Lunda-Norte lidera taxa de imigração

A província com maior taxa de imigração estrangeira é a Lunda-Norte, com uma cifra de 46 imigrantes por mil habitantes, seguida de Cabinda, Zaire e Bengo, com 41, 39 e 36 estrangeiros por 1000 habitantes respectivamente, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE)

Texto de: Maria Teixeira

A taxa de imigração masculina da Lunda-Norte, que é e sempre foi a província com maior taxa de imigração estrangeira, é de 61 imigrantes por mil habitantes, ao passo que a taxa feminina é de 30 imigrantes por mil habitantes. Estes dados foram revelados pelo INE, ao proceder à apresentação, na Sexta-feira, de um relatório sobre a Situação da População Mundial em 2018 elaborado em parceria com a Agência das Nações Unidas para Saúde Reprodutiva.

O documento é constituído por três estudos temáticos, nomeadamente Tendências Demográficas, Jovens, Homens e Mulheres em Angola. Com base nos dados da Tendência do Crescimento Populacional de 2014, residiam em Angola 586 mil e 478 cidadãos estrangeiros, sendo 56% masculinos e 44% do sexo feminino.

Apesar de não estar entre as maiores províncias do país, a Lunda-Norte acolhe a maioria de estrangeiros, com 176 mil e 765 cidadãos. No entanto, desde o arranque da “Operação Transparência” até Sábado passado, as autoridades estimavam que 381 mil imigrantes ilegais abandonaram voluntariamente o país a partir da Lunda-Norte, conforme anunciou à imprensa o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião.

A chefe do departamento de Estatística Demográfica e Social do INE, Margarida Lourenço, ao apresentar os três relatórios temáticos, explicou que para cada mil habitantes em Angola existiam 23 imigrantes estrangeiros, sendo que a taxa de imigrantes masculina era de 26 para mil habitantes e 19 para mil, no caso da feminina.

Os estudos temáticos fazem uma análise específica da população angolana, nomeadamente as tendências demográficas, jovens, homens e mulheres com base no Censo 2014 e Inquérito dos Indicadores Múltiplos de Saúde 2015-2016 (IIMS).

Estes documentos reúnem evidências que permitem melhor conhecer a configuração da realidade destes grupos populacional. Ainda com base nas características demográficas, Angola apresenta uma população com estrutura etária muito jovem. Esta situação está associada às altas taxas de fecundidade, média de seis filhos por mulher, tendo como base, sobretudo, o baixo nível de escolaridade e o fraco nível de uso de serviços de planeamento familiar, entre outros.

Alta taxa de fecundidade feminina

Segundo o relatório da Situação da População Mundial/2018, o país regista uma taxa global de fecundidade de seis filhos por cada mulher, sendo a mais elevada nas áreas rurais, que apresenta uma taxa de oito filhos por mulher. O Relatório da Situação da População Mundial/2018, apresentado esta Sexta-feira, em Luanda, pelo Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), diz que a taxa de fecundidade na África Subsahariana é de quatro ou mais nascimentos por cada mulher.

A representante do UNFPA em Angola, Florbela Fernandes, afirmou que actualmente 671 milhões de mulheres que vivem em países em desenvolvimento optam por usar métodos contraceptivos modernos. Além delas, existem 214 milhões de mulheres no mesmo contexto, que estão em risco de gravidez indesejada, porque as suas escolhas reprodutivas são limitadas pela falta de métodos contraceptivos modernos. “Como resultado, em grande parte do mundo em desenvolvimento, as mulheres continuam a ter mais filhos do que desejam.

A escolha também é limitada em países mais desenvolvidos, onde as mulheres têm menos filhos do que querem, muitas vezes por razões económicas”, frisou. Por sua vez, o ministro da Economia e Planeamento, Pedro Luís da Fonseca, disse que a crise provocada pela queda do seu valor unitário do Produto Interno Bruto (PIB) está a desencadear, desde a segunda metade de 2014, efeitos muito negativos sobre a população.

Esclareceu que tal ocorre quer como sujeito dos processos de crescimento (nomeadamente quando o desemprego aumenta) quer como objecto do mesmo, sempre que o PIB por habitante diminui, por efeito conjugado do aumento da população e da desaceleração do crescimento.

O governante explicou ainda que a intervenção do Estado, mediante a prerrogativa da redistribuição do rendimento, pela via orçamental, visa, sobretudo, impedir a deterioração da “função objecto do desenvolvimento” com vista a corrigir defeitos na afectação e reafectação de recursos, principalmente pela via dos mecanismos de mercado.

A edição deste ano, intitulada “O poder da Escolha: Direitos Reprodutivos e a Transição Demográfica”, analisa o impacto das escolhas reprodutivas no progresso económico e social a nível mundial.Actualmente, a população mundial está estimada em 7.6 biliões de pessoas. Participaram no evento membros do Governo, representantes das agências das Nações Unidas, de organizações da sociedade civil, estudantes universitários, entre outros.