Estudante leva crânio humano à escola no Cazenga

Estudante leva crânio humano à escola no Cazenga

O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da Delegação do Ministério do Interior em Luanda, Mateus Rodrigues, confirmou, a OPAÍS, a retenção do adolescente por algumas horas na referida esquadra e o seu encaminhamento ao Ministério Público.

Um estudante de 13 anos de idade levou ontem um crânio humano à Escola 3113, no distrito urbano do 11 de Novembro, no Cazenga, em Luanda, alegadamente com o propósito de exibi-lo aos seus colegas. Apesar de ser um crânio ainda bem constituído, aparenta ser de uma pessoa que morreu há anos, de acordo com Emília Quissanga, directora da escola. O adolescente, que frequenta a 7ª classe neste estabelecimento de ensino, vulgarmente conhecido por Escola da BGR, situado na rua da Mulemba, levou o crânio escondido na mochila onde se encontravam os materiais didáticos.

O facto de se ter tornado proibido a entrada de pastas escolares na referida escola, desde que surgiu a onda de desmaios nas escolas do país, ele optou por deixá-la sob os cuidados de uma das senhoras que se dedica à comercialização de alimentos defronte à mesma. Uma prática reiterada por parte dos estudantes que se recusam a acatar essa ordem da direcção da escola. Enquanto ele assistia às aulas, apareceram dois amigos seus no local, e exigiram que a “guardiã do crânio” lhes entregasse a pasta. “Os outros meninos, julgados serem amigos dele, sabiam que havia o crânio na pasta e tentarem levá-la. No entanto, a senhora não aceitou entregar-lhes julgando que pretendiam roubá-la”, contou. Face à insistência dos adolescentes, ante a sua recusa, a comerciante decidiu verificar o objecto de valor que estava no interior da pasta que os tinha atraído.

Assim que abriu, apercebeu-se que não havia mais nada senão o crânio de um ser humano que poderia ser de qualquer parente seu, amigo ou conhecido, cujos restos mortais repousam num dos cemitérios de Luanda. Surpresa, segundo a nossa interlocutora, a comerciante informou ao segurança da escola o que se estava a passar na sua vida. O assunto chegou ao conhecimento da direcção que, por desconhecer o que se tratava, solicitou aos adolescentes que pretendiam levá-las que os ajudassem a localizar o seu companheiro. O adolescente, cujo nome omitimos, contou que vive nas proximidades do Cemitério da Mulemba, vulgo cemitério do 14, e que foi lá onde o retirou na manhã de ontem a caminho da Escola. Atendendo à gravidade do assunto, a direcção da escola solicitou a comparência de um dos seus encarregados de educação para prestar esclarecimentos. A mãe do adolescente confirmou a proximidade que existe da sua casa com o esse “campo santo”, acrescendo que o mesmo tem sido local de brincadeira para algumas crianças.

De acordo com Emília Quissanga, a mãe disse que o seu filho, em companhia de alguns amigos, foram, na Segunda-feira, brincar no interior do cemitério da Mulemba, pelo que se presume que terão daí retirado o crânio. “A mãe informou à escola que ele e os seus amigos brincam de lutar no cemitério. Arremessam-se crânios como se de pedras se tratasse”, declarou. Questionado por que razão levou o referido objecto à escola, o adolescente justificou que fê-lo com o propósito de ameaçar alguns meninos que o apoquentam, insultando-o ou agredindo-o fisicamente, sempre, ao longo do caminho de casa para a escola. Na esperança de compreender o assunto, os pedagogos consultaram os colegas dele de turma, por via dos quais tomaram conhecimento de que já se passam alguns dias que o mesmo tem falado sobre brincar com crânios entre outros ossos de seres humanos.

Entretanto, os colegas duvidaram, julgando se tratar de uma invenção, pois, para a maioria deles, é impossível alguém com a sua faixa etária ter a possibilidade de brincar com tais objectos. “Como os colegas duvidaram, ele trouxe o crânio para comprovar que estava a dizer a verdade”. Por julgarem se tratar de um crime, a direcção da escola comunicou o caso às autoridades policiais que fizeram deslocar à escola uma equipa de efectivos da esquadra mais próxima, vulgarmente conhecida por Esquadra da Antena. Contactado por OPAÍS, o director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da Delegação do Ministério do Interior em Luanda, Mateus Rodrigues, confirmou a retenção do adolescente por algumas horas na referida esquadra. Explicou que, quando se trata de menores, o infractor é retido e apresentado ao representante do Ministério Público que, posteriormente, o encaminha ao julgado de menores.