Mortes “assustam ” deputados na Lunda-Norte

Mortes  “assustam ” deputados na Lunda-Norte

Gente apinhada, maioritariamente mulheres com crianças ao colo, outras deitadas no chão dos corredores do Hospital Regional de Cafunfo (HRC), município do Cuango, Lunda-Norte, é o drama que todos os dias vivem aqueles que vão à busca de assistência nessa unidade hospitalar.

POR: Ireneu Mujoco, enviado a Cafunfo (Lunda-Norte)

A reportagem de OPAÍS constatou tal facto “in loco”, na vila diamantífera, em plena manhã de Segunda- feira, 27, quando um grupo de mulheres com semblantes de tristeza, clamava aos médicos para que atendessem rapidamente os seus entes queridos, alguns dos quais, diziam, em estado grave. É o caso da senhora Santa Lukoki, cujo filho de dois anos vinha acometido de uma malária cerebral, após diagnóstico feito pelo médico em serviço na pediatria, Massamba Nkosi Sérgio.

Aliás, até às 11 horas e 43 minutos, segundo o médico, 46 crianças deram entrada na unidade hospitalar, todas com paludismo e em estado grave, num hospital que se debate com uma gritante escassez de medicamentos, segundo fontes hospitalares, embora o delegado municipal da Saúde do Cuango, Katumbi Kalumbi, garanta que há fármacos suficientes para responder à demanda.

Numa visita guiada que os deputados da Bancada Parlamentar da UNITA fizeram a esta unidade hospitalar, nesta Segunda-feira, o delegado da Saúde foi desmentido pelos familiares dos pacientes. Exaustas de tanto desespero, quatro senhoras denunciaram aos deputados da Assembleia Nacional, liderados por Joaquim Nafoya, que os seus filhos internados na pediatria não estavam a ser devidamente
tratados por falta de medicamentos.

Segundo elas, após o diagnóstico, os médicos aconselham os familiares dos pacientes a comprar os medicamentos em farmácias extra-hospitalares, e, dada a falta de dinheiro, alguns doentes abandonam os leitos do hospital à busca
de alternativas na medicina tradicional.

“Não havendo dinheiro para comprar medicamentos, só nos resta tratar os nossos filhos com o medicamento tradicional”, desabafou uma senhora de 40 anos que preferiu o anonimato, porque o outro seu filho ainda está internado.