Músicos clamam por justiça no caso da morte da advogada Carolina da Silva

Músicos clamam por justiça no caso da morte da advogada Carolina da Silva

Texto de: Adjelson Coimbra

À margem do lançamento do festival “Boas Festas Unitel”, que deverá ocorrer no próximo dia 15, na Baía de Luanda, alguns músicos que integram o cartaz deste evento, aproveitaram a ocasião para falar para OPAÍS e à Rádio Mais, órgãos afectos ao grupo Media Nova, para endereçar sentimentos de pesar a família da jovem advogada, que foi sepultada Quarta-feira, no cemitério do Benfica. Bastante abalada, a cantora Yola Semedo defende que temos de começar a defendermo-nos seriamente contra crimes do género.

“Acho que alguém que sente na pele não pode ter um pensamento diferente daquele que não esteja a sentir a mesma dor. Não acredito que possa haver qualquer coisa que possa justificar tamanha barbaridade”, lamentou.

A cantora, ainda perplexa com a situação, diz não saber se a implementação da pena de morte possa ser uma das saídas para que se evitem situações similares, pois um ser humano que não tenha compaixão, um ser humano capaz de cometer tal barbaridade não serve para viver em sociedade. Segundo afirma a “Diva da Música”, caso queiramos construir uma Angola melhor, onde o ser humano possa viver livremente, de igual modo possa sentir-se à vontade, é necessário que se deva contar com os irmãos à sua volta.

A lei, de acordo com a cantora, tem de ser mais severa para esse tipo de pessoas. “Posso ser condenada amanhã por estar a falar assim tão abertamente, mas com ferro matas, com ferro morres!”, exclamou. Não muito distante do que disse Yola Semedo está a opinião de Preto Show, que também comunga o parecer de que as leis deviam ser mais severas.

O artista é contra violência doméstica. “Quando se trata de violência doméstica sofrida por uma mulher, a mídia leva o assunto ao último limite, mas quando a vítima é um homem, a mídia dificilmente releva esse assunto. Porque, garanto que há muitos homens que sofrem por violência doméstica e a mídia não leva em conta”, desabafou.

O músico sente muito pela família enlutada. Para ele, tal acto não devia acontecer. Por isso, clama pela intervenção das autoridades. “Têm de meter o pé nisso para que não volte a acontecer, porque menos uma mulher, menos um filho. Elas são as nossas mães”, acrescentou.

Outras opiniões

Anderson Mário, vencedor do Unitel Estrelas ao Palco, que se despe da capa de figura do grande público, diz antes de tudo ser humano sentir de igual modo as coisas a acontecerem. “De uma forma bem simples, eu só peço que se faça justiça, porque não é só a família da moça que vai ficar traumatizada, mas todas as outras meninas que acompanharam o caso vão entrar em trauma.

As leis com esse tipo de pessoas deveriam ser mais duras”, lamentou. Por sua vez, o músico Fabious advoga: “A mídia, as figuras do grande público e o Governo têm de encontrar um equilíbrio, um ponto para começarmos a combater situações semelhantes de verdade.

E esse combate começa em cada coração, começa em cada conversa. É realmente muito triste, mas está na altura de se fazer uma radiografia da nossa sociedade, para podermos combater este mal”, rematou.

O caso

A advogada Carolina da Silva foi dada como desaparecida no dia 29 de Novembro, numa Quinta-feira. No dia seguinte, 30 de Novembro, o seu marido, Olívio da Silva, deslocou-se à TV Zimbo para denunciar publicamente o desaparecimento da sua mulher, que se encontrava no segundo mês de gestação daquele que seria o primeiro filho do casal.

Assim, a suspeita de que Carolina da Silva teria sido raptada foi descartada no decorrer das investigações, pelo facto de o seu corpo não ter sido encontrado em nenhuma das morgues da capital.

Entretanto, a delegação do Ministério do Interior de Luanda esclareceu, através duma nota de imprensa, que cinco dias depois de um trabalho difícil foi possível localizar o corpo da vítima no interior da fossa da sua própria casa, no distrito do Zango, município de Viana.-