25 seguranças detidos por venda de armas de fogo em Benguela

A Polícia Nacional (PN) em Benguela anunciou, ontem, a detenção de 25 agentes de segurança privada acusados de venda de armas de fogo a supostos marginais desta província. Segundo o director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da PN em Benguela, Filipe Caxota, citado pela Rádio Nacional de Angola, foram remetidos 25 processos à Procuradoria Geral da República (PGR), onde seguem os seus trâmites normais para o esclarecimento do assunto.

O inspector Filipe Caxota falou também sobre a venda de armas de fogo em Benguela suspostamente provenientes de órgãos do MININT. Em Julho do corrente ano, a PN anunciou que os efectivos das empresas de segurança privadas são os principais fornecedores de armas de fogo aos meliantes e que vários agentes alugam as armas de fogo aos meliantes para cometimento de crimes em troca de dinheiro. Fruto desta prática, o 2º comandate da PN em Luanda, Divaldo Martins, dissera que estavam a contas com a justiça 49 efectivos de empresas privadas de segurança. Importa realçar que 2014 o exministro do Interior Ângelo Veiga Tavares disse que empresas de segurança privada deixariam de usar armas de guerra e em substituição teriam outras de autodefesa.

Na altura, anunciou que o país iria passar a contar com uma empresa responsável pela importação de armamento não letal para empresas de segurança privadas, armamento esse para substituir as armas de guerra em sua posse. “Neste momento, a empresa já está a fazer algumas diligências no sentido de adquirir esses meios, que serão depois comercializados e vendidos às empresas de segurança e gradualmente nós iremos retirando as armas de guerra que estão em posse dessas empresas de segurança privada”, disse Ângelo Tavares.

Em 2014, foi aprovada a Lei sobre as Empresas Privadas de Segurança, que prevê a retirada gradual de cerca de 30 mil armas de guerra na posse destes elementos.
“O programa de desarmamento faliu” Para o sociólogo Carlos da Conceição, o acesso às armas pelo o cidadão comum, de forma facilitada, tem que ser resolvido com um programa massivo e funcional de desarmamento da população.

Carlos Conceição entende que “o programa de desarmamento gizado pelo Governo até aqui não teve pernas para andar e faliu” e sugeriu a criação de um novo programa que aposte na sensibilização e incentivo. Segundo ele, o acesso às armas por parte das empresas de segurança ainda está ensombrado por um alegado esquema com as forças de Defesa e Segurança do país, que também tem reflexo na sua utilização na actual conjuntura económica e social do país. Carlos Conceição diz ser necessário rever a questão do salário dos efectivos das empresas de segurança, pois, para si, a baixa remuneração é também uma das causas do envolvimento destes homens em actos de criminosos.

“O segurança, por exemplo, que está a cuidar de uma agência bancária, vê todos os dias a entrarem avultadas somas em dinheiro, mas o seu salário é mísero, mesmo que esteja instruído moral, ética e mesmo educação cristã, não resiste”, disse.
* Com a RNA