Nasce Ufolo a mais nova OnG da sociedade civil

Nasce Ufolo a mais nova OnG da sociedade civil

Ufolo, que na língua kimbundu tem o significado de liberdade, será este valor universal, o ponto de apoio de toda a actividade da organização cívica, segundo referiu Rafael Marques na abertura do colóquio “Juventude em acção”. “A Boa Governação é precisamente a liberdade, no sentido do não-domínio de uns pelos outros e da possibilidade de desenvolvimento da pessoa com dignidade, com meios de subsistência e sem obstáculos. A nossa actividade terá como grande objectivo contribuir para alcançar e manter essa liberdade”, disse.

Para isso, a associação se propõe conquistar e construir, todos os dias, esta liberdade que não podendo vir do nada, pode estar sujeita a uma privação violenta, às vezes, sendo, por isso, necessário empreender um processo de luta permanente para mantê-la, uma vez conquistada. Rafael Marques reconhece que o país trilha novos caminhos, novos tempos que oferecem novas possibilidades e oportunidades, momento que deve ser aproveitado para diminuir o fosso que separa os cidadãos das instituições públicas.

“As organizações da sociedade civil, como o Centro Ufolo, podem e devem desempenhar um papel essencial para eliminar esse fosso e para introduzir mudanças sociais reais e positivas. Há várias razões para lutarmos por mudanças. A maioria dos angolanos vive na pobreza, muitas pessoas passam fome, a educação, a saúde e os serviços sociais básicos têm-se degradado sistematicamente. Entre as principais causas de tudo isto estão a corrupção e a incompetência, que continuam a ser os maiores desafios na nossa sociedade”, disse.

Compenetrados da existência, agora, de condições para encetar estas mudanças, o Ufolo entende chegado o momento para criar espaços públicos fundamentais para o exercício pleno da cidadania, num corte radical com um quadro recente em que “A sociedade angolana e o conceito de bem comum foram retalhados por uma ditadura corrupta de mais de 40 anos”.

Diante do quadro acima descrito, os mentores do Ufolo acreditam que é tempo de reconstruir e projectar os valores morais sobre a mediocridade, a solidariedade, integridade e o mérito, pois só assim, com o pleno engajamento pró-activo em liberdade e democracia, se poderá contribuir para a boa-governação, o progresso social, bem como o desenvolvimento humano e económico Sublinhando que o tempo novo que se está a viver não depende só do Presidente da República ou de uma pequena elite, mas de todo um povo, verdadeiro receptáculo de ideias para a liderança, povo e governação são indissociáveis.

Para o Ufolo, “A sociedade civil tem um papel fundamental a desempenhar, servindo de mediador entre governantes e governados e de catalisador da mudança. A estruturação da sociedade civil é um imperativo da transição que se almeja. Todavia, as organizações independentes da sociedade civil dependem quase exclusivamente de doadores internacionais, e contam com muito pouco apoio do governo para a provisão de serviços”.

Apelou, contudo, à sensibilidade de doadores nacionais para financiar a actividade das organizações da sociedade civil que, geralmente, são dependes de financiamento externo e este tem sido exíguo com a retirada de muitos financiadores internacionais. Esse envolvimento que se quer de parceiros nacionais ajudaria, segundo Rafael Marques, no recrutamento de pessoal qualificado e na manutenção de programas e parcerias de longo prazo. “Neste momento, as organizações da sociedade civil necessitam, mais do que nunca, de apoio multissectorial.

Desde logo porque, como é natural, a sustentabilidade das organizações da sociedade civil angolana não é nem nunca foi prioritária para os doadores internacionais, cuja maioria abandonou o país. Não poderia, aliás, ser de outra maneira, tendo em conta a riqueza de Angola em recursos naturais”, disse, pedindo que as pessoas mais ricas, o sector empresarial e o Governo assumam um papel preponderante para se dar resposta à falta de financiamentos.

Como exemplo, disse que o Governo deve dar passos significativos para a criação de mecanismos de financiamentos diversificados, que sejam transparentes e não sofram interferências políticas, sendo importante que os cidadãos entendam que também são parte do Estado, tanto quanto os governantes, pelo que devem poder aceder aos recursos financeiros do Estado para exercerem actividades cívicas que ajudem o país a alcançar a prosperidade e o bem-estar.

Criado este quadro funcional, disse Rafael Marques que o centro Ufolo se propõe contribuir para criar uma sociedade civil organizada, actuante, exigente que promova uma visão independente e arrojada do futuro de Angola, através do desenvolvimento simultâneo de capacidades de diálogo e de crítica para o bem comum.

O Ufolo, disse a finalizar, vai ocupar o seu lugar na sociedade civil e contribuir afirmativamente para a discussão e a concretização da sociedade assente na dignidade e no desenvolvimento solidário dos homens e das mulheres de Angola, livre, democrática, bem governada e com progresso económico.