A outra face do Covid-19

A outra face do Covid-19

O Covid-19 veio para mudar muita coisa. Ou seja, nada vai fi car como antes, pelo menos onde houver cérebros a trabalhar. As relações humanas poderão sofrer ligeiras alterações, os comportamentos também, sobretudo as noções de asseio, contacto com objectos e até de aproximação física. Os mais desenvolvidos já estão a testar soluções tecnológicas como hologramas para placas de elevadores, etc.. Mas não é de esperar uma mudança radical em todas as pessoas, veja-se como a SIDA ainda não conseguiu alterar comportamentos promíscuos, apesar da informação que circula há trinta anos.

Os Estados têm a obrigação de mudar, as sociedade têm a obrigação de exigir mudanças radicais. É preciso que os Estados ponham ordem na exploração da fé. Veja-se como bandidos com pele de pastor continuam a pôr as pessoas e risco em várias partes do país só por causa do dízimo. É preciso que as lideranças africanas, e a angolana, abram defi nitivamente os olhos para o futuro e percebam que não são mais humanos do que resto do povo, mantenham cá a estudar os fi lhos que trouxeram para fugir do Covid-19 na Europa. E em escolas públicas.

O futuro do continente está na escola de qualidade para todos. É absolutamente incompreensível que as lideranças africanas não entendam isso. É desumano. É obrigatório aumentar investimentos na saúde pública, ventiladores e material de biossegurança, laboratórios, etc., não se pode fi car pela “moda Covid”. Quantos angolanos não morrem a cada Cacimbo por falta de ventiladores? É obrigatório dar dignidade ao povo, substituir as grandes praças por mercados organizados, de proximidade.

O saneamento das cidades e vilas deve passar a ser algo normal, tal como o fornecimento de água potável e de energia. É obrigatório que as lideranças mudem radicalmente e com isso o papel do Estado, ou será obrigatório que os povos se livrem das actuais lideranças. Não é justo manter todo um continente em perigo de extinção por uma doença porque os parlamentos aprovam orçamentos de assistência médica aos políticos no exterior e os médicos para o povo não sabem distinguir uma bactéria de um vírus.

É demasiado desprezo a quem os sustenta. Se houvesse seriedade, o Estado angolano pediria desculpas aos cidadãos por tal episódio.