Recapitalização do BPC prevê injecção de 880mil milhões Kwanzas

Recapitalização do BPC prevê injecção de 880mil milhões Kwanzas

O balanço foi apresentado, ontem, pelo presidente do conselho de administração do banco público, em conferência de imprensa. A grande novidade para o futuro da instituição bancária é a entrada do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) que concomitantemente vai injectar 396 mil milhões de Kwanzas, tornando-se accionista com 37,3% do capital.

Outra grande novidade é que o BPC vai encerrar 60 agências bancárias em todo o território nacional. O plano de reestruturação também está de olho no combate aos repetidos saques que vão afectando a imagem da instituição.

A prova apresentada pelo PCA do BPC foi o anúncio de que parte da última fraude de mais de Kz 400 milhões já foi recuperada e prosseguem esforços para se reaver os outros recursos e espera que os órgãos de justiça prossigam com acções afins contra os eventuais prevaricadores.

“Os resultados de 2019 saldaram se num prejuízo de 404,7 mil milhões de Kwanzas, o que foi referenciado como sendo expressivo face ao que acontece na banca de forma geral” e que “tem um conjunto de explicações”, indicou André Lopes. Segundo o gestor, a diminuição do resultado líquido teve a ver com o facto de o produto bancário “ter conhecido uma inversão” na sequência do exercício de avaliação de qualidade dos activos, feito no ano passado, mas também devido à alteração das normas internacionais de contabilidade.

“O produto bancário reduziu-se na ordem dos 116%, devido à redução dos proveitos porque os bancos deixaram de registar os juros que não são cobrados e não se transformam em receitas”, explicou. A redução do produto bancário foi igualmente influenciada pelo facto de o banco ter deixado de registar como proveito os juros de crédito em incumprimento há mais de 90 dias.

Além disso, adiantou, o banco tem de constituir provisões e registar as imparidades, que não estão apenas relacionadas com o crédito, mas também com o facto de activos que estavam registados como valor nominal passarem a ser registados de acordo com o seu justo valor, ou seja o que valem, na altura, no mercado.

O reforço das imparidades em 321,5 mil milhões de Kwanzas foi também resultado do facto de ter sido adoptada uma nova norma de quantificação. As imparidades representam actualmente 1.038,6 mil milhões de Kwanzas que, foram, no entanto, parcialmente diferidas, o que permitiu que o prejuízo não fosse ainda maior, sublinhou o mesmo responsável.

Das demonstrações financeiras, destacou-se ainda a redução de 25% nos custos operacionais (5,8 mil milhões de Kwanzas), tendo o activo líquido se fixado em 2.024,1 mil milhões de Kwanzas.

O responsável do banco realçou ainda que ocorreu em 2019 “um evento significativo que levou a um estudo sobre qualidade dos activos dos bancos, cujas conclusões foram determinantes para a elaboração do plano de recapitalização e reestruturação”.

O Banco de Poupança e Crédito (BPC) cedeu nesta Terça-feira à empresa Recredit – Gestão de Activos 80 por cento do seu crédito mal parado, estimado em 951 mil milhões de Kwanzas. O presidente do Conselho de Administração garantiu na ocasião que com a cedência de parte da carteira de crédito à Recredit foram criadas as condições para que, futuramente, esse exercício de cobrança e regularização de crédito cedido anteriormente aos vários mutuários pelo BPC passe a ser feito por uma entidade privada.