No âmbito do projecto Troncos da Literatura, sob a chancela da editora Acácias, o escritor António Gonçalves apresenta o poemário “Os livros dos ancestrais” a 9 de Maio, no Camões Centro Cultural Português, a partir das 18 horas.
Inserida na colecção Troncos da Literatura, que integra obras inéditas de autores angolanos consagrados, que têm contribuído para modernizar o mosaico literário nacional. A mesma resulta de uma parceria entre a Editora Acácias, Movimento Lev’Arte e Camões/Centro Cultural Português e visa favorecer o encontro intelectual entre escritores de diferentes gerações, bem como, promover a melhoria do conhecimento da língua, como ferramenta basilar da escrita. Nesse segmento, António Gonçalves apresenta um trabalho poético mais recente, que está dividido em duas partes e reúne poesia escrita, entre 2015 e 2016, sobre temas que evocam raízes, quotidiano, sentimentos, lugares e pessoas.
Figuras que lhe serviram de inspiração para alguns poemas, aos quais dedica a obra, como António Pompilio, Man Jacy, Lisboa Santos, Chiquinho, Mário Santos e Egas Moniz da Rocha. Evoca também a pátria, no poema, com “Três acordes”, a que deu o título de “Evocação transcendental que ilumina o quadro”. Remonta ao passado e questiona a pátria que viu desfilar os dramas da sua história. Quando os seus filhos “Foram enjaulados em navios negreiros/E transportados como amontoados sacos/Para outros mundos, chamados “novos””. Quando “os irmãos desavindos te incendiaram/ Foram conversas e acordos. Acordos e conversas/Que terminaram em morte e capitulação!?/
Melhor seria que não te ofendessem tanto/Ó Pátria, imortalizada com sangue/Qual redentor glorificado”. Na II Parte, a que deu o título de “Utíma (coração em umbundo) ou o “Décimo primeiro livro dos ancestrais”, começa com três “Dedicatórias de cortesia”. A primeira, “Às mulheres do meu país”. A segunda, “Aos seres encarnados com a graça feminina”. A terceira, “Para aquelas que ousam tornar a vida do homem menos penosa”. Vinte e um poemas de exaltação da mulher, em toda a sua plenitude, na dimensão física e espiritual. Revisitada nas particularidades que apresenta, em cada lugar de Angola. Termina com o 21º poema, que coloca a mulher (Utíma) numa dimensão transcendental, conferindo-lhe poderes divinos, capazes de fazer ressuscitar mortos.
O autor
António Gonçalves nasceu em Luanda em 1960. Concluiu o Curso Pré-Universitário de Ciências Físicas. Frequentou as Faculdades de Ciências e de Engenharia. Com apenas 20 anos, foi mobilizado para o serviço militar, onde permaneceu durante cinco anos. Integrou a Brigada Jovem de Literatura em 1980. É membro da União dos Escritores Angolanos, da qual foi secretário-geral. Durante dez anos, foi conselheiro cultural da Embaixada de Angola em Cuba. É membro da União de Escritores e Artistas de Cuba, da Organização Poetas do Mundo e do Movimento Poético Mundial.
É director- adjunto do Instituto Nacional das Indústrias Culturais, sob Tutela do Ministério da Cultura. Entre a sua vasta obra publicada, inclui-se, “Cenas que o museke conhece” (1978), que só veio a ser publicado em 2003, “Antologia – Caminho das estrelas – Nova poesia para Agostinho Neto (1980), “Gemido de Pedra” (1995), “Versos libertinos” (1996), “Buscando o Homem” (2000), “La quinta estacion del tiempo” (2007), “Umbral de transmutações (2008), “Emosentidos” (2011), “Canto misterioso que me acena com los Pés” (2011), “Antologia Arco-íris Negro, yo también canto a América” (2012), “Sobre Asas e Fios de Rosa” (2014).