Museu de Antropologia expõe “Tampa de panela” como peça do mês

Museu de Antropologia expõe “Tampa de panela” como peça do mês

A peça exposta desde 11 do corrente, do domínio dos cabindas, pertence ao grupo etnolinguístico Bakongo e é feita de madeira preta, configurando grandes provérbios como objectos, animais, simbólicos e beleza artística

Texto de: Antónia Gonçalo

Está exposta no Museu Nacional de Antropologia a peça “Tampa de panela com provérbios”, através do projecto A Peça do Mês, desenvolvido desde Agosto de 2016, em Luanda. A peça, exposta desde 11 do corrente, também conhecida como “Libaya ma nzungu” entre os Bacongos, é feita de madeira preta, configurando grandes provérbios como objectos, animais e pessoas em relevo, com significados simbólico e beleza artística.

A mesma é do domínio dos cabindas e pertence ao grupo etnolinguístico Bakongo, que se encontra localizado no Norte de Angola. De acordo com o director do museu, Álvaro Jorge, a cultura deste grupo etnolinguístico mostra grande gosto pela arte decorativa e dotes notáveis na simples fabricação de uma das poucas e vulgares tampas de panelas.

“Desde os tempos memoriais os cabindas faziam uso de panelas de barro e como tampa, usavam rodas de barro ou madeira.

Para facilitar o manejo começaram a fazer tampas com adorno saliente. Com o tempo, graças à inspiração de artistas, nasceram os testos ou tampas de Cabinda”, explicou o director. Importância Consta que as tampas não eram caracterizadas pelo seu valor artístico, mas como cartas que serviam para levar conselhos, ensinamentos, manifestações de descontentamento e outros sentimentos.

A maior parte das tampas eram ofertadas aos casais para exprimir o que sentiam. A pessoa contemplada procurava decifrar a mensagem e quando não conseguia descodificar o enigma, consultava um ancião entendido no assunto para esclarecê-lo.

O projecto

O projecto começou em Agosto de 2016. Desde o seu arranque foram expostas mais de 24 peças, tendo começado com a “Pedra de Hiroshima”, “Lilweka”, “Luena”, “O Pensador” (Kuku Kalamba), “Ndemba”, “Kiela”, “Kikondi”, “Mulondo” e “Cihongo” (Txihongo), “Kijinga”, Heholo”, “Mintadi, Mufuka, “Mondo” e a “Mwana-Pwo”, “Kibandu”, “Etemo”, “Nsáse” e “Caixa de Rapé”.

O mesmo atraiu no museu mais de 27 mil e 875 visitas, desde estudantes e turistas e tem como objectivo divulgar as peças existentes no museu, bem como propagar na sociedade a sua importância como património cultural e nacional, função social, discrição, origem e convidar os cidadãos a visitarem o espaço.

Álvaro Jorge realçou que o projecto elevou a imagem do museu, principalmente da cultura angolana, tendo permitido a socialização e conhecimentos do acervo e dos nossos grupos etnolinguístico.

“Hoje há outra percepção daquilo que são as peças do museu, porque o projecto tem por finalidade fazer um pequeno estudo, desde a abordagem histórica, antropológica, museológica e a sua funcionalidade”, avançou.