Trinta e três retratos, vídeo e instalação, compõem a mais recente criação da artista Mónica de Miranda, apresentada ontem à imprensa, na Galeria do Banco Económico em Luanda. A mostra, organizada pelo Banco Económico em parceria com a This is Nota White Cube (TINAWC), é a primeira individual da artista e já foi exibida muito recentemente em Londres, Reino Unido, e em Luanda, fechando assim o ciclo expositivo deste ano. A colecção ficará patente até 25 de Janeiro de 2019 e é composta por peças inéditas, engloba temáticas relacionadas com geografias afectivas, poéticas, de pertença, com processos de construção da identidade.
Paula Nascimento, a comissária da exposição, destacou Angola como uma das geografias afectivas da artista e “Panorama” marca assim o seu regresso à paisagem urbana de Luanda, cujos resquícios do passado estão materializados no espaço arquitectónico – edifícios abandonados, reaproveitados, engolidos pela natureza ou transformados pelos processos de gentrificação – e que são testemunhos da história recente do país. Salientou que a colecção “Panorama” não é uma obra sobre arqueologia urbana, nem somente uma meditação sobre a presença dos passados coloniais em contextos pós-coloniais, ou sobre a memória individual versus memória colectiva. Justificou que as imagens não são um registo, uma vez que elas existem num espaço fronteiriço e transitório, para permitir uma reflexão mais ampla sobre as estratégias de formação das identidades individuais e colectivas.
Percurso
Nascida no Porto, há 42 anos, Mónica de Miranda é artista visual e investigadora de Pós-doutoramento no Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa, onde está a desenvolver um projecto de investigação artística intitulado “pós -arquivo” (2015-2018), no âmbito do grupo de investigação “Dislocating Europe”. O seu percurso académico iniciou-se com uma licenciatura em Artes Plásticas, na Camberwell College of Arts (Londres, 1998). Posteriormente, realizou um Mestrado em Artes e Educação do Instituto de Educação (Londres, 2001) e um doutoramento em artes visuais, na Middlesex University (Londres, 2014) enquanto bolseira da Fundação de Ciência e Tecnologia. A sua obra confronta o pessoal e o autobiográfico à luz da história e das suas geografias emocionais. No seu trabalho, desenvolve narrativos pós-coloniais que investigam a relação do espaço com a memória e identidade, e analisa a relação entre o documental, e o ficcional.