Em Penafiel, Pepetela apresentou o seu novo trabalho literário, “Sua Excelência, de Corpo Presente”. À margem da sessão, vários actores interpretaram em vários cantos e recantos da cidade textos da sua prestigiada obra.
O escritor angolano Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos “Pepetela”, vencedor do Prémio Camões em 1997, é a personalidade homenageada na edição deste ano do Festival Escritaria, que decorre desde Segunda-feira, em Penafiel, Portugal, até amanhã Domingo. “Vários actores vão interpretar em vários cantos e recantos da cidade textos de Pepetela, ao mesmo tempo que as fachadas dos prédios e outros locais vão mostrar a obra [do escritor] e torná-la até portátil, em caixas de leitura e muitos outros materiais”, prometeu a Câmara Municipal de Penafiel, no lançamento do evento. A presença de Pepetela culminou com a apresentação do seu novo romance, Sua Excelência, de Corpo Presente, esta Sexta-feira, e na programação de fim-de-semana, que se intensifica em redor da sua obra, com entrevistas e sessões públicas dedicadas ao criador de Jaime Bunda, o agente secreto.
No quadro de um encontro com alunos do concelho, na iniciativa “O Escritor Vai à Escola”, realizado na Quarta e na Quinta-feira de manhã, Pepetela deixou uma frase na cidade, como aconteceu com os autores homenageados nas 10 edições anteriores. Para a autarquia, o objectivo é que “Penafiel continue a ser, cada vez mais, uma cidade contaminada pela literatura”. Ao longo da semana, além de uma feira do livro, as ruas de Penafiel encheram-se de actividades inspiradas em Pepetela, com música, teatro e exposições, e convidados que também celebram a obra do escritor angolano. Os escritores Ondjaki, Mário Cláudio, Luandino Vieira, os jornalistas José Carlos Vasconcelos, Maria João Avilez e Fernando Alves e o professor José Carlos Seabra Pereira estiveram entre os convidados anunciados. No quadro da programação do festival, foi inaugurada a mostra de arte pública Streetaria, aberta a Rotunda da Escritaria e, no dia seguinte realizado um recital sobre Escritos da Lusofonia, pelo actor Fernando Soares, com a harpista Eleonor Picas.
Ontem Sexta-feira à noite, o espaço foi reservado a uma dramatização de um conto de Pepetela, antes da sessão do lançamento do seu novo romance, no Museu Municipal de Penafiel. “Será impossível a qualquer pessoa não tropeçar no autor de carne e osso ou na sua escrita”, assinala a autarquia, na apresentação da iniciativa, prometendo, para esta semana, “uma verdadeira transformação de Penafiel em torno do escritor homenageado e da sua obra”. Da obra de Pepetela destacam-se títulos como Muana puó, As aventuras de Ngunga, A geração da utopia, Parábola do cágado velho, A gloriosa família, Crónicas com fundo de guerra, Yaka, Se o passado não tivesse asas. O escritor esteve no Sábado passado em Óbidos, no Folio – Festival Literário Internacional, onde admitiu que Sua Excelência de Corpo Presente, o seu mais recente romance, possa ser seu último livro sobre a realidade histórica angolana. Durante a sessão em Óbidos, Pepetela disse acreditar que Angola possa ter entrado num novo ciclo, apesar de a corrupção ainda ser um problema.
