“Ruínas da Fortaleza de Cambambe” necessitam de equipa para sua gestão

“Ruínas da Fortaleza de Cambambe” necessitam de equipa para sua gestão

O director adjunto do Instituto Nacional do Património Cultural, Emanuel Caboco, considerou necessária a criação urgente de uma equipa de gestão, com vista a responsabilizar-se da administração das “Ruínas da Fortaleza de Cambambe”, de modos a evitar vandalismo. Emanuel Caboco fez este pronunciamento, durante uma visita de constatação realizada no mês em curso, à margem da 9ª edição da Feira de Artesanato do Dondo.

No local, o responsável e a equipa que o acompanhou puderam ver os sinais de vandalismo no recinto do espaço histórico, como o deslocamento de pedras, pinturas e árvores enraizadas nas paredes que compõem o espaço, o que pode comprometer a estabilidade das estruturas. Para colmatar a situação, a direcção do Instituto Nacional de Património Cultural (INPC) pretende, em Janeiro do próximo ano, reunir com a Empresa Pública de Produção de Electricidade (PRODEL–EP), o Governo Provincial do Cuanza-Norte e a Administração local, com o objectivo de abordar questões de gestão e a consequente manutenção do espaço.

“A questão da gestão do espaço está um pouco descuidada e este já está a ser vandalizado. Daí a nossa preocupação. Acredito que logo que o ano termine, trataremos do assunto”, disse o responsável. Emanuel Caboco salientou que deve haver no espaço uma certa afinação no processo de gestão e na forma como a população deverá ter acesso às ruinas. “Só desta forma vamos garantir que as ruinas se mantenham devidamente conservadas e preservadas”, considerou.

Gestão da Fortaleza

O sub-director avançou que a gestão do espaço é da responsabilidade da administração local e do seu utente, a Igreja Católica, que utiliza as ruinas para fins religiosos. Disse ainda que pelo facto de fazer parte da Barragem de Cambambe, a PRODEL – EP também deve associar-se à gestão. ”Como sabe, o Instituto esteve encarregado do processo de revalorização, revitalização das ruinas, e não é prático que seja o responsável pela gestão. Podemos apoiar, como fizemos em torno do processo da sua requalificação”, sublinhou.

A administração local

O administrador adjunto de Cambambe, Egídio Armando, garantiu a continuidade das limpezas no espaço, mas defende também uma manutenção mais activa, de modo a melhorar a actuação da população no espaço classificado “Património Histórico Nacional”. “Vamos continuar a fazer as limpezas, principalmente neste tempo chuvoso. Quanto às questões de engenharia temos que estar atentos e fazer o acompanhamento”, sublinhou.

Revitalização

O Programa de Revitalização e Revalorização das Ruínas do Forte de Cambambe enquadrase no âmbito do memorando de entendimento entre o Ministério da Cultura, a Odebrecht e o Governo do Cuanza-Norte, que visou a consolidação e revalidação do espaço. O programa com inicio em 2013 foi concluído em 2017, entregue ao Ministério da Cultura a 18 de Abril, Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Emanuel Caboco avançou que a intervenção foi necessária devido à ausência de trabalhos permanentes de manutenção e conservação nas ruínas, facto que permitiu a degradação acentuada das ruínas. “A nossa preocupação foi de reconstituir a Fortaleza e a Igreja como ela era, e consolidar as partes vulneráveis ao processo de degradação”, explicou. Avançou ainda que o processo culminou com duas acções: a de reconstituição e consolidação do espaço, desenvolvido por especialistas ligados ao Instituto Patrimonial Histórico e Artístico do Brasil.

Fortaleza de Cambambe

As Ruínas da Fortaleza de Cambambe foram classificadas como Monumento Nacional pelo Decreto Provincial n° 67, de 30 de Maio de 1925. Erguidas por forças Portuguesas em 1604, no contexto da penetração e conquista do interior do território angolano pela via do rio Kwanza, o maior do país, assegurando a defesa do presídio (estabelecimento de colonização militar) então fundado. A ocupação da região das serras de Cambambe custou muito aos portugueses, em virtude da resistência oferecida pelos nativos à conquista estrangeira. Além de materializar a presença militar Portuguesa, o presídio constituiu- se num activo entreposto de mercadorias e de escravos capturados na região, aguardando pelo seu transporte para o continente americano. Até meados do século XIX o presídio e a sua guarnição foram governados por um Capitão- Mor.