Angola vai continuar “refém” dos combustíveis fósseis

Angola vai continuar “refém” dos combustíveis fósseis

Angola possui condições para ser um dos maiores produtores de gás ao nível do continente africano e fornecedor de países europeus, prevê o relatório de “Energia em Angola de 2017” apresentado pelo Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica (CEIC)

Texto de: Brenda Sambo

com os recursos que possui, a médio e longo prazo, Angola pode ser um dos grandes players em matéria de produção de gás natural no continente africano, refere o relatório “Energia em Angola 2017”, lançado recentemente em Luanda pela Universidade Católica de Angola, através do CEIC.

Para a engenheira Cristina Rodrigues, uma das autoras do documento sobre energia em Angola em 2017, “estima-se que até 2040 Angola continuará a depender em cerca de 70% dos combustíveis fosseis (carvão, petróleo). Segundo a geóloga Cristina Rodrigues, “o gás pode tornar-se um sector que vai atrair receitas para o país”, sublinhou.

Ressaltou que Angola é actualmente tida como um dos sete países que mais gás natural associado queima por ano, depois de países como a Rússia, Nigéria, Irão, Iraque, Estados Unidos da América, Argélia e Kazakhistão.

No relatório consta ainda que o gás natural poderá ser encarado como uma área de interesse económica capaz de colocar o país em posição privilegiada no mercado energético mundial.

“Angola poderá tornar-se um dos maiores produtores de gás natural em África”, cita o relatório do CEIC, sublinhando que “ o país tem condições para ser um dos maiores exportadores do produto”.

O relatório enfatiza ainda que os principais consumidores serão os países da Europa, com destaque para a Península Ibérica, que já está preparada para receber LNG por via marítima. O relatório do CEIC acrescenta que o país é actualmente considerado um produtor de gás natural de fraca expressão.

Em 2014, por exemplo, Angola produziu 369 bcf de gás natural, dos quais 247 bcf foram queimados,89 foram rejeitados e cerca de 35 bcf comercializados. O documento refere ainda que estima-se que o país possui aproximadamente cerca de 11 TCF de reservas provadas de gás natural (excluindo a Bacia do Kwanza).

O documento refere que a produção tem sido limitada em virtude da falta de legislação específica que viabilize a sua comercialização. Para a engenheira e também geóloga, Crista Rodrigues, o sector de gás natural em Angola deve continuar a ser desenvolvido por etapas, adoptando estratégias de carácter político-económica para que o crescimento do sector seja mais célere.

O relatório do CEIC recorda que a unidade LNG do Soyo foi concebida para transformar gás natural associado em LNG e outros produtos líquidos como o GTL (Liquified Petroleum Gás), destinado a bastecer tanto o mercado nacional como o mercado internacional. O documento de periodicidade anual possui 160 páginas e faz uma avaliação exaustiva ao sector referente ao ano 2017.