Enfermeiros queixam-se de ameaças nas unidades de saúde

Enfermeiros queixam-se de ameaças nas unidades de saúde

Viana está a ser apontada como a localidade que evidencia o maior índice de coacção junto dos enfermeiros, um facto que o director municipal da Saúde, Mateus Neto, contesta. A Ordem dos Enfermeiros recomenda flexibilidade ao Executivo e alerta que a vida de milhares de angolanos está em jogo.

POR: Milton Mança

O Sindicato dos Técnicos de Enfermagem de Luanda queixa-se de supostos actos de retaliação por parte de responsáveis das direcções sanitárias contra os seus filiados, segundo revelou ontem, a este jornal, o secretário-geral da classe, Afonso Kileba.

O sindicalista acrescentou que, desde 30 de Novembro do ano em curso, quando os enfermeiros deixaram de desempenhar o papel de médicos, se tem registado queixas preocupantes, com realce no município de Viana. “Registámos vários casos em muitos municípios, mas o epicentro é Viana.

Ontem mesmo, (Sábado) o chefe de Repartição de Saúde daqui de Viana passou de unidade em unidade persuadindo os profissionais a fazerem as consultas proibidas por lei”, revelou o sindicalista. Para si, as direcções dos hospitais e centros de saúde estão desencontradas com a situação de tensão há cinco dias instalada, e tentam a todo o custo retaliar contra os funcionários que se mostram solidários com o Decreto Presidencial nº 254/10 de 17 de Novembro, que proíbe os enfermeiros de fazerem prescrições médicas.

Afonso Kileba referiu que o Gabinete de Saúde de Luanda já está ao corrente da situação, ao qual apelam para que se tome medidas e evite excessos nos hospitais, frisando que os enfermeiros cumprem apenas a lei. Sábado e Domingo, o sindicato visitou vários hospitais e centros de saúde para constatar se as recomendações referidas no supracitado Decreto estão a ser cumpridas pelos enfermeiros e diz ter constatado, “in loco”, actos de intimidação.

“Estamos a denunciar esses casos porque estão a ser vividos no local, e essas provocações por parte da entidade empregadora não nos vão levar a lugar algum”, declarou. Afonso Kileba referiu que a classe que representa está ciente das dificuldades que os pacientes têm vivido nos últimos dias, porém, defende que se o Governo deseja que os enfermeiros continuem a exercer as tarefas de médico, deve fazer uma negociação para a alteração da lei ou anexar-lhe uma adenda “assinada pelo Presidente da República, conforme consta no decreto”.Importa realçar que o encontro entre o Governo Provincial de Luanda (GPL) e o sindicato, da semana finda, não produziu quaisquer resultados.

Responsável declina acusações
Contactado, o director Municipal de Saúde de Viana, Mateus Neto, desvalorizou as queixas, alegando não serem reais as acusações do representante dos enfermeiros, segundo as quais responsáveis da saúde do seu município têm coagido os enfermeiros a fazerem o papel de médicos. Mateus Neto desdramatizou, assinalando que não recebeu denúncia alguma, acto contínuo, recusou-se a fornecer mais detalhes sobre o assunto, alegando que se econtrava em viagem.