Biocom a caminho de produzir 100 mil toneladas de açúcar

Biocom a caminho de produzir 100 mil toneladas de açúcar

O maior complexo agro-industrial do país não atingiu por inteiro a sua meta para este ano na produção de açúcar, mas prevê alcançar as 100 mil toneladas na próxima safra, tendo fornecido, em 2017, à rede nacional mais de 62,6 gigawatts de energia e produzido mais de 12 mil metros cúbicos de etanol.

POR: Borges Figueira

Daqui a cinco anos a Biocom, Companhia de Bionergia de Angola, deverá produzir 250 mil toneladas de açúcar cristal branco, o que substituir em 60% as necessidades de importação do produto, prevendo, já em 2018, atingir as 100 mil toneladas, com base numa colheita de 900 mil toneladas de canade- açúcar. Este ano, a empresa sediada em Cacuso, na província de Malange, atingiu a cifra de 58.102 toneladas de açúcar.

O primeiro produtor de energia eléctrica a partir da biomassa e de biocombustível, com base em fontes renováveis em Angola, prevê exportar para a rede, na safra de 2020/2021, 235 gigawatts de energia. Este ano forneceu à rede nacional de transporte de electricidade 62.617 megawatts de energia eléctrica. A Biocom, o maior complexo agro-industrial do país dá um aproveitamento integral à cana de açúcar que processa e produziu ainda este ano 12.094 metros cúbicos de etanol, produto destinado às indústrias de bebidas e produtos de limpeza.

As estimativas da empresa apontam para que, dentro de cinco anos, a produção de etanol aidricoalcance os 33 mil metros cúbicos. A estimativa para 2017 apontava para uma produção na ordem das 63 mil toneladas de açúcar, mas factores ligados à falta de chuva e à avaria de um motor com capacidade para processar 20 toneladas de cana-de-açúcar, fizeram com que a empresa não atingisse o objectivo previsto.

“Apesar de não ter atingido a meta prevista, a Biocom teve igualmente recordes no desempenho do rendimento médio das máquinas, moagens, preparo do solo e colheitas”, referiu o director geral adjunto da empresa, Luís Bagorro Júnior, que sublinhou: “Conseguimos produzir em maior quantidade e com menos custos nesta safra”.

A escassez de divisas não deixou de afectar o gigante agroindustrial de Cacuso, dado que necessita anualmente de USD 50 milhões para cobrir custos ligados à operação, tendo este ano investido cerca de USD 12 milhões em equipamentos e materiais consumíveis. A firma conta actualmente com cerca de 1.786 trabalhadores, entre contratados e subcontratados, 92 % dos quais são angolanos. Prossegue ainda um programa de formação e desenvolvimento profissional.

A Companhia de Bioenergia de Angola está implantada no Pólo Agro-industrial do Capanda, contemplando uma área total de 81.201 hectares, dos quais 70.102 mil hectares são agrícolas, estando os outros 11.095 reservados à preservação permanente da fauna e flora local. Conta actualmente com uma área de cultivo de 22 mil hectares, área que poderá chegar a 42,5 mil hectares na safra de 2022. A sua facturação anual excede USD 200 milhões.

O maior projecto agro-industrial

A Biocom representa a maior aposta desde sempre efectuada em Angola no domínio da agro-indústria, envolvendo um investimento de USD 250 milhões. Desde o arranque, em 2009, a empresa assumiu como missão reduzir drasticamente a importação de açúcar e gerar 28 megawatts/hora de energia renovável. Na Biocom o plantio e a colheita da cana-de-açúcar são 100% mecanizados e a empresa possui viveiros onde testa diferentes variedades de cana- de-açúcar com vista a acelerar a produção das que apresentam elevada qualidade e bom potencial produtivo.

As mais modernas tecnologias são aplicadas na área agrícola. A unidade industrial é operada por meio de uma Central de Operações Industriais (COI), com sistemas de automação, controlos e câmaras que garantem um acompanhamento em tempo real de todas as etapas do processo, influenciando o rendimento e eficiência industriais. A Biocom resulta de uma parceria entre o Estado angolano, através da Agência Nacional para o Investimento Privado e da Sonangol Holding (20%), e os grupos angolano Damer e brasileiro Odebrecht, cada um com 40%.