Milhares de palestinianos em marcha de protesto contra EUA em Ramallah

Milhares de palestinianos em marcha de protesto contra EUA em Ramallah

Milhares de palestinianos marcharam desde Ramallah, na Cisjordânia, até ao posto de controlo militar israelita da Qalandia para contestar a decisão dos Estados Unidos de declarar Jerusalém capital de Israel.

Ao chegar ao posto de controlo, situado entre Ramallah e Jerusalém, os manifestantes lançaram pedras e cocktails “molotov” contra os militares, que responderam com gás lacrimogéneo e balas de borracha, segundo testemunhou no local a agência noticiosa espanhola Efe. A marcha era composta maioritariamente por jovens e estudantes universitários, que transportavam bandeiras palestinianas e gritavam palavras de ordem contra o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

No início do protesto, a governadora de Ramallah (cidade que acolhe a Autoridade Palestiniana), Leila Ghanam, discursou junto de outros responsáveis palestinianos e incentivou os manifestantes a marcharem até ao posto da Qalandia e a mostrarem a sua indignação. Também foram registados confrontos violentos nas cidades palestinianas de Belém e de Hebron. Segundo dados do Ministério da Saúde palestiniano, os serviços médicos registaram a entrada de dois feridos oriundos de Ramallah, um atingido com uma bala num pé e outro atingido com uma bala de borracha.

A mesma fonte informou que outra pessoa ficou ferida em Belém depois de ter sido atingida na cara com uma granada de gás. Em outros pontos da Cisjordânia, várias pessoas foram assistidas após a inalação de gás lacrimogéneo. As várias fações palestinianas tinham convocado um novo “Dia de Raiva”, acção que ia coincidir com a chegada ao Médio Oriente do vice-presidente norte-americano, Mike Pence. A viagem acabou por ser adiada para meados de janeiro. Mesmo antes do adiamento, o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, Mahmud Abbas, já tinha recusado receber o representante norte-americano.

As facções palestinianas também convocaram para hoje Quinta e sexta-feira novas jornadas de protesto na Cisjordânia e apelaram à “resistência” do povo palestiniano e ao bloqueio dos colonos judeus nos territórios ocupados. Trump anunciou a 6 de Dezembro que os Estados Unidos reconhecem Jerusalém como capital de Israel e que vão transferir a sua embaixada de Telavive para Jerusalém, contrariando a posição da ONU e dos países europeus, árabes e muçulmanos, assim como a linha diplomática seguida por Washington ao longo de décadas.

Os países com representação diplomática em Israel têm as embaixadas em Telavive, em conformidade com o princípio, consagrado em resoluções das Nações Unidas, de que o estatuto de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelitas e palestinianos. A questão de Jerusalém é uma das mais complicadas e delicadas do conflito israelo-palestiniano, um dos mais antigos do mundo. Israel ocupa Jerusalém oriental desde 1967 e declarou, em 1980, toda a cidade de Jerusalém como a sua capital indivisa. Os palestinianos querem fazer de Jerusalém oriental a capital de um desejado Estado palestiniano, que coexista em paz com Israel.