Rebeldes rejeitam conferência de paz da Rússia

Rebeldes rejeitam conferência de paz da Rússia

Dezenas de grupos rebeldes sírios argumentam que Moscovo está a tentar ofuscar o processo de paz mediado pela ONU em Genebra e sublinham que cometem crimes de guerra na Síria.

Dezenas de grupos rebeldes sírios rejeitam participar na conferência para a paz organizada pela Rússia. Argumentam que Moscovo está a tentar ofuscar o processo de paz mediado pela ONU em Genebra e sublinham que os russos cometem crimes de guerra na Síria.

Num comunicado subscrito por cerca de 40 grupos rebeldes, onde se incluem algumas facções militares que participaram nas conversações iniciais de Genebra, lê-se que o Kremlin não fez qualquer pressão sobre Damasco para alcançar DR um acordo político.

“A Rússia não deu um passo para aliviar o sofrimento dos sírios e não pressionou o regime do qual é o garante para que criasse um caminho que levasse a uma solução”, diz o comunicado. Os russos que intervieram na Síria há dois anos e inverteram o curso da guerra a favor do regime de Bashar Al Assad, dizem que apenas combatem militantes, embora os rebeldes e residentes dêem conta de inúmeras baixas civis com bombardeamentos aéreos por vezes longe da frente do conflito. Moscovo agendou a conferência de Sochi para o dia 29 de Janeiro e já recebeu o apoio do Irão e da Turquia.

O caminho já trilhado na Síria

A 8ª ronda de negociações para resolver a situação na Síria, decorrida nos dias 21 e 22 do corrente, em Astana, teve como foco os problemas de funcionamento das zonas de desanuviamento da tensão, a desminagem humanitária, bem como a libertação dos prisioneiros.

Em Astana participaram delegações dos países-garantes do cessar-fogo – Irão, Rússia e Turquia, o governo da República Árabe da Síria e a oposição armada síria, assim como a delegação da ONU liderada pelo seu representante especial, Staffann de Mistura, além de representantes da Jordânia e dos EUA, enquanto observadores. Rússia, Irão e Turquia expressaram, numa declaração conjunta, a determinação comum de prosseguirem com o esforço coordenado para “diminuir a inevitável tendência do retorno à violência”, além de salientar a necessidade de esforços para reforçar o cessar- fogo e o eficaz funcionamento de todas as quatro zonas de desanuviamento na Síria.

Além disso, as partes aprovaram o Regulamento sobre o grupo de trabalho para a libertação dos prisioneiros, a transferência de corpos e busca de pessoas desaparecidas. A Oposição síria, na voz de Ahmad Tomeh, chefe da delegação, considerou de “passo adiante” o acordo sobre a criação do grupo de trabalho para a troca de prisioneiros, mas deixou claro que espera pela sua aplicação prática. Os países-garantes concordaram com os prazos de realização do Congresso de diálogo nacional sírio que ocorrerá em 29 e 30 de Janeiro, em Sochi.

Os representantes da “Troika” vão reunir-se em Sochi dez dias antes da convocação do Congresso, a 19 e 20 de Janeiro, que presume-se venha a elaborar a lista final de participantes à conferência. A 9ª ronda de negociações, em Astana pelo “desanuviamento” do conflito na Síria está prevista para a segunda quinzena de Fevereiro de 2018, disseram num comunicado os países-garantes do cessar-fogo na Síria. Analistas consideram que a 8ª conferência realizada em Genebra foi prematura. A condição da oposição síria, liderada por Nasr Al-Hariri, de afastar o presidente sírio da elaboração do acordo político, causou forte rejeição por parte da delegação oficial síria chefiada pelo representante permanente da Síria na ONU, em Nova Iorque, Bashar Djaffari.

Facto surpreendente foi a postura de uma figura importante – o representante especial do secretário- geral da ONU para a Síria Staffann de Mistura – que apoiou a condição da oposição. Apesar da variedade de manobras políticas, ideias e iniciativas, ambas as delegações chegaram, a 2 de Dezembro, a uma conclusão sobre a inutilidade de continuar o “diálogo”, e a delegação de Damasco abandonou Genebra. Staffann de Mistura expressou esperança na retoma,para breve, das negociações e convenceu o governo a permanecer em Genebra, mas a crise “de Genebra” tornou-se evidente para todos. A Rússia entrou activamente no processo de organização do dispositivo do pós-guerra e superação da crise na Síria, mas Moscovo manifestou reservas quanto à pressa manifestada pela oposição em contactar os seus aliados, principalmente os EUA e a Arábia Saudita durante a reunião em Genebra.

Na opinião do ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, o mais apropriado seria reunir-se, primeiro, em Astana, discutir questões problemáticas e adoptar uma posição comum sobre os quatro assuntos invocados anteriormente, as questões de (constituição, o período de transição e o poder, zonas deescalation, e a luta contra o terrorismo). Depois disso, é que se realizaria o fórum nacional para a elaboração de um documento sobre as principais áreas e segmentos de procura de uma solução política para a crise no país.