Cem dias de governação de João Lourenço marcados por reformas no Estado

Cem dias de governação de João Lourenço marcados por reformas no Estado

Três meses depois de ter sido investido no cargo de Presidente da República, a 26 de Setembro de 2017, João Lourenço continua a surpreender a opinião pública nacional e internacional. Por um lado, há quem diga que, até aqui, a sua acção governativa se resumiu apenas em exonerações; por outro, há quem considere que o político esteja a cumprir as promessas eleitoralistas, que passam pelo combate à corrupção e ao nepotismo, males que enfermam a sociedade angolana.

Por: Constantino Eduardo, em Benguela

Cidadãos de vários segmentos sociais em Benguela mostram-se bastante atentos ao desenrolar dos acontecimentos político-administrativos em curso no país que tem como propulsor João Lourenço, Presidente da República. Nos 100 dias de mandato presidencial, os cidadãos entrevistados por OPAÍS são de opinião que o político, de quem se espera muito mais do que exonerações, está, contra todas as expectativas, a empreender reformas significativas no Estado, sustentado pelo slogan que guiou a sua campanha eleitoral segundo o qual “Melhorar o que está bem e Ccorrigir o que está mal”.

O ambientalista Miguel Arcanjo assevera que os 100 dias do PR foram marcados por reformas profundas no que respeita à Administração Pública, num claro entendimento de esperança para o povo, embora paire muita expectativa, pois, justifica, “uma coisa é fazer mudanças, outra coisa é a prática. O que falta agora é vermos a prática”. Defendendo a sua área, o especialista refere que, em termos de ambiente, ainda há poucas medidas e acções palpáveis, a julgar pelos inúmeros problemas neste sentido. “

Para evitarmos certas enfermidades, precisamos (de) investir bastante no ambiente. Se olharmos para o Orçamento virado para o sector do ambiente, é muito baixo. Se a saúde combate-se com prevenção, então o ambiente acaba por estar, digamos assim, na componente prevenção dos problemas de saúde pública”, considera.

O também docente adverte que os 100 dias não ditarão o que será a governação durante os 5 anos, mas está esperançado de que a meio do mandato João Lourenço vá engendrar outras mudanças “porque daquilo que podemos depreender, é que temos muitos dirigentes que deviam estar fora”, disse. JL à procura da equipa “ideal”, diz Jornalista O jornalista João Marcos enfatiza que o actual Presidente da República entrou a marcar uma posição não tão distante do que foram as suas promessas eleitorais, tendo como “bandeira” o combate à corrupção. “

O facto de ter defendido, por exemplo, o repatriamento de capitais que tenham saído do país de forma ilícita, é disso um exemplo acabado”, salienta, para logo a seguir frisar que, com o gesto, JL está à procura da equipa “ideal”. Segundo o jornalista, quando o PR conseguir esses pressupostos, poderá avançar para o “ataque” dos principais problemas do país. Se, por um lado, entende o profissional, João Lourenço tem o povo a elogiá-lo pelas mudanças engendradas, porque tem feito uma série de exonerações – rompendo com o passado recente por via de decretos – ; por outro, terá que ser confrontado com aquilo a que convencionou chamar de “Angola Real.

A questão da desigualdade na distribuição do bem comum, do emprego”, razão por que terá de potenciar o sector privado, pois, na perspectiva de João Marcos, o quadro actual não é dos melhores “basta dizer que o ambiente de negócios não é dos melhores”, considera. Por sua vez, Martins Domingos, membro da sociedade civil, qualificou de positivo os 100 dias de governação de João Lourenço, a julgar pela reestruturação que efectuou na Administração do Estado, tendo colocado à disposição da sociedade um programa de execução política apresentado na sua campanha eleitoral. “

Na medida em que está a ser materializado todo o programa eleitoral do ponto de vista do combate à corrupção”, refere. Entretanto, apesar das proezas alcançadas, Martins Domingos tem uma nota negativa aos 100 dias do PR. Segundo disse, do ponto de vista da materialização do grau económico do cidadão, era expectável que se entrasse no novo ano com o OGE já aprovado “isso que é negativo, entrámos no 2018 sem uma previsão orçamental para garantia da estabilidade económica”, acentuou.