Falta de moageira obriga mulheres a secar a fuba na estradas

Falta de moageira obriga mulheres a secar a fuba na estradas

As mulheres camponesas das povoações entre a Quibala e Mussende, mais propriamente na estrada 240, província do Cuanza-Sul, necessitam de uma moageira para viabilizar a produção da fuba de milho e de bombó que geralmente é estendida na estrada.

POR: Maria Teixeira

Quem percorre aquelas bandas, 240 quilómetros entre Quibala e Mussende, já consegue vislumbrar as camponesas estendendo a mandioca e o milho na estrada para serem transformados em fuba. Segundo dona Madalena, a mandioca é colocada na água, sete dias depois é retirada para ser estendida na estrada, de onde, passados três a quatro horas é retirada, porque já está seca e é transformada em fuba. “Após esse processo, que chamamos de macroeira, a fuba está em condições de chegar ao mercado. Muitas são as vezes que levamos a nossa fuba que trocamos com as “langas”.

Elas nos dão panos em troca da fuba, e o que nos resta serve para nosso consumo, mas é uma situação que gostaríamos que mudasse”, confessou. OPAÍS constatou que tanto o município da Quibala, como o de Mussende, dedicam-se às culturas de milho, feijão, batatas doce e rena, mandioca e muito mais, daí que os seus habitantes precisem urgentemente de uma de moageira na localidade. Os seus habitantes só procedem dessa forma por falta de condições para o devido tratamento. Para eles, a colocação de uma moageira industrial ajudaria bastante, porque diminuiria os riscos que habitualmente correm ao estenderem a fuba no asfalto.

“Muitas são as vezes que quase fomos atropelados, porque existem carros que passam com muita velocidade e somos obrigados a fugir. Precisamos de uma sociedade comercial de capitais nacionais para investir aqui no sector industrial dos municípios de Quibala e Mussende. Na verdade, queremos primeiramente uma moageira de milho e bombó para nos ajudar a produzir os produtos alimentares e combatermos a fome e a pobreza que nos assola faz tempo”, apelou Antonica Dalas. Por sua vez, João Macola, cuja mulher também é camponesa, revelou que gostariam de ser exportadores de fuba, para motivar as mulheres rurais a apostarem ainda mais na agricultura e para que as empresas venham investir neste segmento nas suas localidades.

Afirmou ainda que, numa primeira fase, a unidade industrial pode ter como mercado principal a província do Cuanza-Sul, e numa segunda fase a produção poderá abastecer outras regiões do país, em função da procura do produto. Para isso, é preciso investimento, “mas para começar precisamos de uma moageira industrial”. “O nosso objectivo é apostar num produto de qualidade para que chegue às grandes superfícies comerciais. Fazer com que os nacionais ganhem mais confiança e acreditem naquilo que é da terra, e nós temos muito para dar e estamos dispostos a fazer isso”, assegurou.

E acrescentou que a intenção é promover o produto, para que tenha qualidade e seja usado por todos, porque existem provinciais que já comercializam a fuba de bombó em embalagens bem bonitas, daí que a intenção é fazer o mesmo. “Para isso queremos poder contar com medidas de protecção por parte das pessoas de direito”. João Macola sublinhou que iniciativas do género devem alargarse a outros municípios e comunas, levando-lhes o produto de que necessitam. “O Governo pode passar a comprar o produto para fornecê-lo à população da província que necessita de alimentos por causa da seca que assola a região. Estamos há muitos dias sem chuva e o nosso milho e a mandioca acabam secando. Temos tido perdas enormes e só Deus sabe o que passamos, sublinhou.