Camionista enterra cisterna com gasóleo ao tentar despistar a Polícia

Camionista enterra cisterna com gasóleo ao tentar despistar a Polícia

Durante as operações que visaram desmantelar a rede de roubo e venda ilegal de combustível no Lubango, província da Huila, cujo processo vai hoje a julgamento, alguns dos arguidos tentaram a todo o custo escapar ao controlo das autoridades por via de algumas “técnicas” inusitadas

Por: João Catombela, na Huíla

Augusto Jorge Arcanjo Valente, também conhecido por Escurinho, 34 anos, motorista da empresa A.D (Admar Damião), enterrou um camião- cisterna com a capacidade de 35 mil litros de gasóleo, tentando despistar os agentes do Serviço Provincial de Investigação Criminal (SPIC) Huila durante a operação que desmantelou a rede de desvio de combustível.

De acordo com a acusação, o arguido Augusto Valente, que conduzia o camião-cisterna de marca Toyota-Hino, de cor branca e azul, com o registo alfanumérico HLC-12-45, pertencente à empresa A.D-Transportes, dirigiu-se à Sonangol Distribuidora para atestar o camião com 35 mil litros de gasóleo, que seriam destinados à central térmica da Arimba, o que não aconteceu.

Segundo o Ministério Público, no dia 10 de Setembro de 2017, pelas 5 horas de madrugada, o arguido Augusto orientou ao seu motorista Elton Márcio de Freitas Amaro (declarante no processo) que comparecesse no estaleiro da empresa para fazer um frete. A operação seria a descarga urgente de 35.000 litros de combustível do tipo gasóleo na empresa de exploração de granitos HIPERMAQUINAS, sita na área do Xaungo, no município da Chibia.

“Neste local, Augusto apresentou o camião- cisterna ao Elton e um tal de António Sebastião Ndala, mais conhecido por Tony, que seria o seu ajudante, tendo-se de imediato o Elton dirigido àquela empresa, onde foi recebido pelo arguido Cláudio Sílvio”, lê-se no documento a que OPAÍS teve acesso.

Por via de um sistema bem montado pelo grupo, segundo a acusação proferida pela digna magistrada do Ministério Público, Augusto, foi alertado pelo Co-arguido João Alfredo Capava, de que oficiais do SIC iriam ao encalço do camião que no momento se encontrava a descarregar o combustível. Aflito, Augusto ordenou ao Elton, via telefónica, que se retirasse daquele local com urgência.

“Que fosse em direcção a província do Cunene e que encontrasse um lugar fora da estrada para esconder o camião porque estava a ser seguido pela Polícia. Ao que Elto anuiu, conduzindo o camião até 11 quilómetros depois do mercado da Chibia, tendo-o escondido a mais ou menos sete quilómetros de fora estrada, onde o mesmo foi enterrado segundo os depoimentos”, diz a acusação.

Neste mesmo processo estão arrolados outros cidadãos acusados também de cometerem o mesmo crime, no dia 9 de Dezembro de 2016, tendo como cliente uma cidadã chinesa. A referida cidadã pagou mais de 2 milhões de Kwanzas pelo Combustível roubado De acordo com a acusação, nesse dia, pelas 14 horas, no município do Lubango, o arguido Silas Júlio Francisco Lievin, dirigiu-se à Sonangol Distribuidora, localizada junto aos Caminhos-de-ferro de Moçâmedes, para atestar o camião de marca Sinotruck, de cor branca, matricula LD-22-85- GN, propriedade da empresa Nelson Gozangas-NGRC, com 35 mil litros de gasóleo para abastecer a Central Térmica da Arimba, propriedade da PRODEL-EP.

De acordo com a acusação, o arguido, que fazia parte do esquema existente de venda de combustível ao preço de 80 Kwanzas o litro, contactou o co-arguido Emanuel Sapalo Damião, como funcionário da PRODEL-EP, para que recebesse a guia de entrega original e duplicado passado pela Sonangol, a fim de que este atestasse no duplicado a recepção do combustível, que deveria ser entregue àquela empresa, a confirmar a venda de combustível na quantidade descrita.

“Segundo depoimentos do Silas, da venda do combustível, os arguidos arrecadariam dois milhões e oitocentos mil Kwanzas que seriam repartidos entre eles, sendo para o arguido Emanuel um milhão e 400 mil Kwanzas; para o co-arguido o Nelson 300 mil Kwanzas e ao Victorino 100 mil Kwanzas” lê-se.

O mesmo documento informa que esta venda foi intermediada por Abel Buila Massaco, também conhecido por Stura, afecto a empresa transportadora AJS. Na altura, o Silas havia recebido 2 milhões e 800 mil Kwanzas d a aludida cidadã chinesa, cujo nome desconhece. Deste valor, Vitorino e Silas ficaram com um milão e 300 mil e Abel, na condição de intermediário, recebeu 200 mil Kwanzas de comissão. Este processo tem 29 arguidos, 22 testemunhas e 44 declarantes.