Brasil adopta medidas para conter emergência social em Roraima

Brasil adopta medidas para conter emergência social em Roraima

O Governo adoptou esta Quinta-feira (15) um pacote de medidas para contornar a crise migratória gerada pela chegada massiva de venezuelanos a Roraima, fronteira com a Venezuela, e emitiu um decreto reconhecendo a “situação de vulnerabilidade” na região.

Entre as decisões firmadas pelo presidente Michel Temer nota-se a criação de um comité federal de assistência emergencial “para o acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade, devido ao fluxo migratório” no país vizinho, segundo o documento desta Quinta-feira. Estas medidas pretendem articular acções destinadas a melhorar a protecção social, a saúde e a segurança pública nos municípios sobrecarregados com a afluência massiva de imigrantes venezuelanos que entram diariamente pela fronteira terrestre.

Pouco antes de anunciar as novas medidas, o governo havia antecipado, em comunicado, que decretaria “estado de emergência social” em Roraima, para ganhar “agilidade na disponibilização de recursos para obras de infra-estrutura e acções humanitárias na região”. O número de militares na região também será duplicado, de 100 para 200, afirmou o ministro da Defesa, Raul Jungmann, citado no comunicado. Acompanhado por uma comitiva de ministros, o Presidente Michel Temer visitou, Segunda-feira, Boa Vista, a capital de Roraima, onde disse que destinaria os recursos necessários para mitigar a crise, tanto para atender os estrangeiros que precisam de ajuda como para preservar os empregos e o bem-estar da população local, especificou.

Durante a visita, em pleno feriado de Carnaval, já havia antecipado a ideia de formar um comité especial, mas não detalhou a quantidade que o governo destinaria, porque desconhece-a. A crise política, económica e social que o país caribenho atravessa fez disparar exponencialmente os pedidos de refúgio no Brasil nos últimos dois anos. Segundo estimativas oficiais, cerca de 40 mil venezuelanos vivem em Boa Vista, o equivalente a 10% da população da cidade, onde já foram registados casos de xenofobia.

Na semana passada, pelo menos cinco venezuelanos ficaram feridos – entre eles uma menina de 4 anos – em dois incêndios criminosos contra as moradias emque estavam alojadas várias famílias de imigrantes. Um cidadão das Guianas foi detido como suspeito de provocar os incêndios, após brigar com um grupo de venezuelanos que teriam roubado a sua bicicleta. O país governado pelo presidente Nicolás Maduro enfrenta uma situação muito delicada, marcada por forte tensão política, falta de produtos básicos e uma inflação que chegará a 13.000% em 2018, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI).