Madeira retida na Estrada Nacional 230

Madeira retida na Estrada Nacional 230

Para se fazer cumprir o despacho, exarado recentemente pelo Ministério da Agricultura e Recursos Florestais, segundo o qual a partir do dia 1 de Fevereiro de 2018, está proibida a desflorestação e o consequente transporte de madeira, a polícia está a reter os camionistas envolvidos nesta actividade, na Estrada Número 230.

POR: Alberto Bambi

Segundo alguns agentes da Polícia de Trânsito destacados no desvio para o Dondo- N’Dalatando, Cuanza- Norte, os automobilistas que saíam da sede da referida província para Luanda tentaram passar na madrugada do primeiro dia do mês de Fevereiro, mas foram obrigados a estacionar por ordem de polícias em serviço dirigido. “Naquela de pensar que a lei só seria aplicada dias depois de ser anunciada como efectiva, os motoristas terão sido orientados para fazer o último carregamento e nós os retivemos aqui, porque já tínhamos esta orientação superior”, disse o agente que falou sob anonimato, tendo acrescentado que os mais de 15 camiões e indivíduos se encontravam aí, desde a referida data até à semana finda, da reportagem de O PAÍS.

Vale lembrar que na localidade de Cassoneca (Luanda) também se encontravam entre cinco e seis camiões, alguns dos quais de marca Volvo e Shackman. O que, no entender do nosso interlocutor, demonstra que alguns automobilistas ainda conseguiram ludibriar a vigilância, no perímetro que liga N’Dalatando, Cuanza- Norte, Maria Teresa, uma localidade afecta à capital do país. O agente regulador de trânsito revelou que, próximo da estação ferroviária da sede da então Cidade Jardim, historicamente conhecida por Salazar, também existiam veículos com madeiras apreendidas. Aliás, foi isso que a reportagem deste jornal constatou ao chegar à capital da província, há dias.

Alguns funcionários do Caminho- de-Ferro de Luanda (CFL) contaram que certos condutores abandonaram as viaturas, enquanto outros se encontram temporariamente no sítio onde os camiões estão estacionados, à espera de ordens dos seus patrões. A tentativa de contacto com um dos motoristas não foi bem-sucedida, pois, segundo o agente ferroviário, mal eles avistam alguém com movimentos indicativos de um certo interesse de questionamento sobre a madeira, afastam- se imediatamente do local. A julgar pelos camiões com madeiras, retidos nas três paragens referenciadas, estão impedidas mais de 25 viaturas pesadas, já que, a dedo, O PAÍS contou cinco no município-sede da Cidade Jardim, 16 no desvio para Dondo e N´Dalatando e nove na região de Calomboloca.

Questionado carvão

Alguns habitantes das aldeias que se localizam entre o desvio de Maria Teresa e o chamado Triângulo, que dá acesso a N´Dalatando e ao Golungo Alto (Cuanza-Norte), confessaram que estão envolvidos no negócio da madeira. “Muitos de nós vivemos disso porque era desse negócio e da produção de carvão que sai o nosso sustento diário, mas temos de obedecer à decisão do Governo”, revelaram os mesmos sob condição de anonimato, tendo realçado que as suas actividades passaram a resumir-se na venda de carvão e no trabalho agrícola. O que os homens não sabem ao certo é se a medida tomada pelo Executivo proíbe ou não a produção de carvão. Mas servem-se do facto de a maior parte dessas empreitadas serem realizadas entre as últimas horas da noite e as primeiras da madrugada.