Tuberculose matou mais de 3500 pessoas em três anos

Tuberculose matou mais de 3500 pessoas em três anos

Angola faz parte dos 30 países no mundo com mais casos de tuberculos e o Estado gasta, anualmente, mais de USD 2 mil, para o tratamento de cada paciente, segundo o coordenador Nacional do Programa de Controlo da Tuberculose, Ambrósio Disadidi

Por: Milton Manaça

 

A tuberculose matou três mil e 693 pessoas nos últimos três anos, de acordo com a directora Nacional de Saúde Pública, Isilda Neves. A fonte fez esta revelação ontem, em Luanda, na abertura do seminário de gestão de casos desta patologia dirigida aos técnicos de Saúde dos Serviços Penitenciários que terá a duração de três dias.

Isilda Neves disse que nesses três anos a tuberculose representou a terceira maior causa de mortalidade do país, depois do paludismo e dos acidentes de viação, por isso é uma das doenças que integra a lista de prioridades do Ministério da Saúde. Mesmo assim, Angola faz parte dos 30 países do mundo com mais elevado número de casos de tuberculose, segundo o coordenador Nacional do Programa de Controlo da Tuberculose, Ambrósio Disadidi.

Em declarações a OPAÍS, à margem do encontro, Disadidi explicou que o maior número de casos desta patologia é registado na população penitenciária, sendo esta uma das razões para a realização do seminário dirigido aos médicos e enfermeiros destacados em todas as cadeias da capital do país. Apesar de não enumerar os casos, Ambrósio Disadidi disse que a população prisional representa o grupo mais vulnerável onde os casos de tuberculose é 100 vezes superior ao da população em liberdade.

A situação está relacionada às condições carcerárias do nosso país, razão pela qual alerta que não se deve esquecer das pessoas que lá se encontram. “As condições das nossas cadeias favorecem a propagação da tuberculose.

A superlotação, a falta de ventilação, a alimentação inadequada e a falta de acesso aos cuidados médicos são os factores que concorrem para o alastramento da doença”, disse.

Acrescentou que a mesma realidade se regista em outros países africanos. Em 2015 o Programa de Controlo da Tuberculose registou 53 mil e 980 casos, em 2016 subiu para 65 mil e 500 pessoas infectadas e em 2017 foram contabilizados 59 mil e 377.

Um paciente custa USD 2 a 3 mil por ano

Segundo Ambrósio Disadidi, o Estado gasta anualmente entre USD 2 e 3 mil com o tratamento de cada paciente com tuberculose de segunda linha, também conhecida de TB resistente.

O responsável disse que no caso dos pacientes com tuberculose de primeira linha o custo é de 600 dólares por ano. “A saúde não tem preço, mas tem custos e estes são os custos que o nosso Governo tem com cada um dos pacientes com tuberculose”, rematou Ambrósio Disadidi.