Tocoismo considerado marco da liberdade espiritual

Tocoismo considerado marco da liberdade espiritual

Uma cerimónia com milhares na assistência e dezenas de convidados, entre governantes, membros do poder legislativo e confissões religiosas irmãs valorizaram o culto comemorativo dos 100 anos do nascimento de Simão Toco em Ntaya, Maquela do Zombo.

POR: André Mussamo,
enviado a Maquela do Zombo

O governador da província do Uíge, Pinda Simão, enalteceu o contributo dado por Simão Gonçalves Toco na libertação de África do Jugo colonial. “Sendo a religião cristã a alavanca que impulsionou o colonialismo no continente, uma verdadeira e profunda revolução libertadora na África colonial tinha que começar com a africanização da igreja e do cristianismo”, referiu o governante, que acrescentou que esta missão foi cumprida com brio por Simão Toco.

A estratégia colonial de “prisão, deportação, fixação de residência e dispersão dos tocoistas” implementada pelos colonialistas na época, não foi capaz de enfraquecer e diminuir o ímpeto do movimento pacífico libertador iniciado por Toco. “O tocoismo reúne características de um movimento nacionalista de matriz religiosa, embora sem aspectos ideológicos de um nacionalismo político. O seu maior legado reside no facto de ser o pioneiro da luta contra a colonização espiritual”, Enalteceu Pinda Simão. “É uma honra elevada falar de um homem que marcou e continua a marcar gerações”, finalizou

o governador do Uíge, que agradeceu aos milhares de peregrinos que se deslocaram ao território sob sua governação. A ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, também presente no acto religioso alusivo aos 100 anos de nascimento de Simão Gonçalves Toco, considerou a Igreja do Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo um privilegiado parceiro do Estado angolano, “tendo vindo a acentuar a sua intervenção social junto das comunidades mais desfavorecidas com apostas fortes na educação e na saúde de que é exemplo vivo o funcionamento em pleno da universidade tocoistas e dos inúmeros centros de saúde e escolas espalhadas por todo o país”, referiu a ministra. Vitorino Franco Nhany, secretário-geral da UNITA, que se fez acompanhar de dois deputados do Galo Negro, considerou o fundador do tocoismo uma figura religiosa ímpar. “Toco é também uma figura emblemática do nacionalismo angolano e da Independência Nacional”, frisou o político que veio em representação do seu líder que está em viagem de serviço na Europa.

O político da UNITA considerou que para além da Independência política, Toco também procurou “Independência religiosa, criando uma Igreja genuinamente africana e angolana, livre da subordinação a igrejas de origem estrangeira”. Nhany disse que Toco foi um “resistente que sabia o que queria e que não se deixou intimidar pela perseguição movida contra si, tanto pelo regime colonial, como por outras igrejas e até pelos seus próprios irmãos angolanos”. O secretário geral do segundo maior partido angolano referiu que homenagear o profeta Simão Toco é igualmente reconhecer o papel que o tocoismo desempenhou e vem desempenhando ao longo da sua existência na acção espiritual e social, alcançando muitas pessoas dos mais diversos extratos sociais em Angola e no mundo, finalizando com o reiterar de parabéns em nome da sua formação politica à Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo pela sua nobre e ingente missão de envangelizar.

Simão Gonçalves Toco teria completado 100 anos a 24 de Fevereiro deste ano, pelo que à passagem da efeméride, os tocoistas estão a celebrar com pompa e grandeza, inaugurando novas catedrais e uma peregrinação ao local onde se encontram os restos mortais do religioso e nacionalista, a localidade de Ntaya, 20 quilómetros da vila de Maquela, bem no limiar da fronteira entre Angola e a República Democrática do Congo. Dom Afonso Nunes, o líder dos tocoistas vai continuar a cumprir o vasto programa comemorativo em terras do bago vermelho, com visitas e mais inaugurações de infra- estruturas da sua denominação religiosa.