Padrasto acusado de queimar as mãos do enteado

Padrasto acusado de queimar as mãos do enteado

 A mãe do acusado terá dito diante dos investigadores da Polícia que o pequeno Carlinhos, de 3 anos, foi queimado porque “comia muito”. O petiz teve uma queimadura do 3º grau e corre o risco de nunca mais conseguir mover os dedos das duas mãos

Por: Milton Manaça

o cidadão João Manuel está a ser acusado de queimar com água quente as duas mãos do seu enteado, Carlos Correia dos Santos, de 3 anos de idade. Segundo a mãe do pequeno, este crime hediondo terá tido como base o facto da vítima supostamente alimentar-se mais do que devia.

Os factos remontam ao mês de Novembro do ano transacto, quando Imaculada Tiago, de regresso a casa, encontrou o filho com as duas mãos queimadas sem que fosse socorrido pelo seu marido e a sogra que se encontravam em casa. Imaculada diz ter perguntado à João Manuel quem cometera tamanha barbaridade com o pequeno Carlinhos, tendo o seu amado respondido que o enteado queimou-se sozinho na água que estava a ser fervida para fazer chá. Tal resposta foi refutada pelo menino que apontava o seu “pai” como o protagonista do acto, segundo Imaculada.

A mesma acusação fez Lucinda dos Santos, tia do petiz, que passou a cuidar de Carlinhos depois do sucedido, mas atirou-se contra Imaculada na presença desta, dizendo que a mesma tentou omitir os factos para encobrir o seu amado, tendo revelado que o menino só foi levado ao hospital dois dias depois de ser queimado.

dedos podem ficar paralisados Lucinda acrescentou que a mãe de Carlinhos mudou de ideia quando soube dos médicos que Carlinhos corre risco de nunca mais conseguir movimentar os dedos dos dois membros superiores em consequência da queimadura do 3º grau a que foi vítima. “Quando foi informada do quadro real da criança começou a chorar e contou a tamanha barbaridade que o marido fez com a criança”, disse, Lucinda Santos.

O estado das mãos do menino ainda
inspira muitos cuidados, pois podem ficar paralisados definitivamente caso não beneficie de uma cirurgia em tempo oportuno. Na mão esquerda, por exemplo, um dos dedos já não é visível e outros quatros cortados pela metade não fazem nenhum movimento. Actualmente, Carlinhos encontra-se a fazer tratamento no Hospital Neves Bendinha, onde a reportagem deste jornal o encontrou em mais uma rotina de curativo.

A sua história comoveu quase todos os funcionários da instituição e da porta de acesso até aos corredores era chamado pelo nome. As dores ainda o atormentam. Depois de passarmos pelo segurança à porta do Hospital, a disposição do menino mudou completamente: deixa de falar e o semblante do seu rosto transfigura-se, manifestando a ideia de que conhece bem o lugar para onde estão a leválo.

De acordo com Lucinda, o suposto autor do crime ainda não foi responsabilizado criminalmente e sempre que notificado pelos médicos ou a Polícia quem dá a cara é a sua mãe, identificada apenas por Madó. “Ela já chegou a ser detida por alguns dias, mas saiu depois de pagar uma caução de 50 mil Kuanzas”, referiu a tia do menino.

Acrescentou que num interrogatório Madó chegou a afirmar aos agentes que Carlinhos foi queimado “porque comia muito”. Disse que neste momento está juntarse o processo, que inclui o relatório médico, para formulação de outra queixa-crime, segundo solicitação da Polícia. Os familiares que acreditam numa recuperação dos movimentos dos dedos da criança, clamam por justiça.

“não sei explicar onde o meu filho anda”

OPAíS contactou por telefone a senhora Madó com o intuito de, por sua via, chegar ao acusado, mas sem sucesso. Ela recusou-se a fornecer o contacto do seu filho, alegando que o seu telefone se encontrava desligado e desconhecia o seu paradeiro. Importa frisar que que Imaculada disse a este jornal que já rompeu o relacionamento com João e também não tem o seu contacto.

“Eu saí agora da cadeia e não sei onde o meu filho está. no dia em que o menino foi queimado eu estava na igreja e não sei o que aconteceu” disse Madó. Refutou, de seguida, as declarações da tia de Carlinhos que a acusa de ter dito que o menino foi queimado por comer muito.