Polícia entregou três italianos a um cartel de droga

As autoridades mexicanas iniciaram procedimentos criminais contra quatro agentes da polícia pelo desaparecimento de três cidadãos italianos, em Tecalitlán, estado de Jalisco, a 700 quilómetros da Cidade do México.

Os quatro agentes confessaram que prenderam e entregaram os três homens ao cartel Nueva Generación, que controla aquela cidade. PUB Os três italianos terão sido detidos num posto de combustível, de acordo com as confissões dos quatro agentes, e posteriormente entregues ao grupo crimonoso.

Por confirmar está a acusação feita pelo filho de um dos desaparecidos, que disse a uma rádio italiana que os três homens foram “vendidos aos gangues por 43 euros”, cita a BBC. Os desaparecidos são napolitanos e pertencem à mesma família. Raffaele Russo, 60 anos, o filho Antonio Russo, 25 anos, e o sobrinho Vicenzo Cimmino, 29 anos, foram vistos pela última vez a 31 de Janeiro.

Os três tinham antecedentes criminais em Itália, onde foram condenados por fraude, mas a família nega que estivessem a cometer ilegalidades no México. No entanto, e de acordo com o procurador do estado de Jalisco, Raúl Sánchez, os napolitanos estariam no México a vender geradores eléctricos e máquinas agrícolas, que apresentavam aos potenciais compradores como sendo produtos originários da Alemanha, quando na verdade eram chineses.

Raffaele Russo faria passar-se por um cidadão mexicano, conta o La Repubblica. Haverá registos de que apresentou um nome falso num hotel, onde se apresentou como Carlos Lopez. Depois do desaparecimento dos italianos, todos os agentes da polícia de Tecalitlán foram enviados para fora da cidade numa missão de treino. Alguns meios de comunicação mexicanos crêem que se tratou de uma forma de proteger os agentes de potenciais actos de intimidação por parte do cartel, que teria tentado fazer com que estes alterassem a sua versão sobre o desaparecimento dos europeus.

É recorrente a cedência face às ameaças e às tentativas de suborno por parte de criminosos. No México, os agentes da polícia são habitualmente mal pagos e carecem de treino adequado. O cartel Nueva Generación de Jalisco, activo no tráfico de opiáceos e de marijuana, foi criado em 2011 e é um dos mais influentes do México. É conhecido pelos seus ataques violentos às autoridades. Um dos exemplos da brutalidade das suas investidas contra os agentes foi o abate de um helicóptero da polícia de Jalisco.

Liderados por Nemésio Oseguera Cervantes (conhecido como El Mencho), a Nueva Generación bate-se contra o cartel Zetas, do estado de Veracruz. A guerra entre diversos cartéis do narcotráfico, e entre estes e as forças de segurança, causou dezenas de milhares de mortos ao longo da última década.