SJA defende reorientação dos profissionais quanto a ética e deontologia

SJA defende reorientação dos  profissionais quanto a ética e deontologia

O Sindicato dos Jornalistas Angolano (SJA) defende a reorientação dos profissionais da comunicação quanto à ética e deontologia profissionais, fez saber ontem, em Luanda, o seu secretário- geral, Teixeira Cândido.

Em declarações à imprensa à margem do segundo ciclo de palestras subordinada ao lema “De que jornalismo precisa a nossa democracia”, a fonte acrescentou que a classe tem ignorado sucessivamente os critérios éticos e deontológicos, e por este facto, viu-se imperioso reflectir sobre as actividades jornalísticas realizadas nas eleições de 2017, onde foram diagnosticados o desrespeito da compatibilidade profissional. Reconheceu que a imprensa pública melhorou significativamente, em termos de cobertura e divulgação das notícias, desde o mês de Setembro de 2017, altura em que tomou posse o novo governo saído das eleições desse ano

. No segundo dia do ciclo de palestra, que vai se estender durante todo o mês de Março, usaram da palavra os prelectores, professor Adão Avelino, e o jurista Albano Pedro, que abordaram os temas como “Que valor tem a ética hoje para as profissões” e “O poder político e a sociedade”, respectivamente. Na sua dissertação, o professor de ética e filosofia, Adão Avelino, focou os vários aspectos que os profissionais da comunicação social têm cometido, no que toca à isenção na abordagem dos diferentes temas, bem como o respeito à ética e deontologia profissionais, no quadro actual da comunicação em Angola. Por sua vez, Albano Pedro, fez um rescaldo sobre as dificuldades que existem na cedência de informação entre o poder político e os jornalistas, bem como fez uma abordagem às liberdades e garantias constitucionalmente consagradas.

O prelector referiu ainda sobre os tipos de informação que devem ser protegidos pelo profissional, como o bom nome, honra, reserva a intimidade privada e familiar, segredo de justiça e de Estado. Na qualidade de participante, Celso Malavoloneke louvou a iniciativa do sindicato quanto a formação dos profissionais da comunicação, uma vez que o Ministério da tutela tem levado a cabo ciclos formativos de refrescamento para os jornalistas dos órgãos públicos.

Classe jornalística fragilizada

Na primeira sessão de debates, ocorrida no dia 5, Ismael Mateus havia afirmado que os jornalistas têm sido divididos para que alguém possa reinar e, para se pôr fim a essa realidade, é necessário que os profissionais se filiem ao sindicato. Durante uma palestra, na sede da União dos Escritores Angolanos (UEA), sob o tema “A auto-regulação e sua influência na qualidade do jornalismo”, Ismael Mateus considerou que “o jornalismo está a ser fragilizado por grupos económicos que compram jornais, rádios e televisões e despedem a maior parte dos profissionais, utilizando, apenas, um jornalista a trabalhar nos três órgãos de Comunicação Social e ganha somente uma vez e não três salários”.

Sublinhou que os jornalistas não estão organizados, dado que muitos dos profissionais não estão inscritos no Sindicato da classe (SJA), e os poucos inscritos não pagam as suas quotas, apenas se recordam da existência do sindicato quando já têm problemas por resolver. “Todo o profissional da Comunicação Social deve estar associado à sindicância”, vincou. Recordou que, desde 1992, ainda não se criou a Carteira Profissional dos Jornalistas e muito menos o Código de Ética, sendo assim, não há nenhum critério para avaliar se o profissional está preparado para ser jornalista ou não. Por outro lado, Ismael Mateus criticou que “muitos chefes de redacções não convencem os jornalistas, são nomeados por amiguismo e não por competência. Não se pode pedir profissionalismo ao jornalista quando o chefe de redacção não sabe quase nada.

E também um administrador ou director do Gabinete de Comunicação e Imagem de uma instituição não pode ler noticiários ou ser o rosto da televisão ou rádio, porque senão, não haverá transparência nas notícias a serem publicadas”, disse. Acrescentou que os jornalistas devem criar, sempre, Conselhos de Redacção em cada órgão de Comunicação Social, para o seu melhor funcionamento. “A auto-regulação também tem a ver com os nossos comportamentos, o modo como nos relacionamos com as fontes. É impossível ter isenção, quando se torna amigo da fonte que, às vezes, oferece bens materiais ao jornalista, como casa, carro e dinheiro”, frisou.

Durante a palestra, o secretário- geral do “SJA”, Teixeira Cândido, apresentou o relatório sobre o comportamento da mídia durante as eleições gerais de 2017, afirmando que as Rádios Nacional de Angola (RNA), Despertar e MFM, a Televisão Pública de Angola (TPA) e TV Zimbo, foram os órgãos que prestaram péssimo serviço, em termos de cobertura, Já o Jornal de Angola e a Rádio Eclésia, foram os melhores, por tratarem os partidos políticos em pé de igualdade. “A Rádio Despertar prestou um serviço péssimo durante as eleições, por ter dedicado 90 porcento do tempo ao partido UNITA, a RNA, a MFM, a TPA e a TV Zimbo, também tiveram um trabalho horrível, por terem dedicado 40 a 50 porcento do tempo de informação ao MPLA, e aos demais partidos concorrentes, no caso a UNITA,a CASA-CE,o PRS, a FNLA e a APN, com um escasso de tempo, de 10 a 20 porcento”, lamentou. Teixeira Cândido reconheceu que a imprensa pública melhorou significativamente em termos de cobertura e divulgação, desde o mês de Agosto de 2017 até ao momento, comparativamente ao período anterior, em que não havia muita abertura da imprensa. No próximo dia 28 de Março, o “SJA” vai completar 26 anos de existência.