Ébola na RDC deixa Angola em alerta

Ébola na RDC deixa Angola em alerta

Angola, não registou até ao momento nenhum caso suspeito, mas já estão em curso as medidas de acção e contenção do alastramento do Ébola no país.

O Ministério da Saúde (MINSA) da República de Angola, em comunicado enviado à Redacção de OPAÍS, diz ter confirmado o ressurgimento do surto de febre hemorrágica causado pelo vírus Ébola na vizinha República Democrática do Congo (RDC), através da Organização Mundial da Saúde(OMS). O comunicado foi feito após a confirmação dos resultados laboratoriais de dois casos da doença na província de Bikoro, no Noroeste da RDC. Neste âmbito, visando a aplicação das medidas necessárias e exigíveis em situações do género, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, presidiu, no final da tarde desta Quinta-feira, 9, uma reunião multissectorial de emergência para definir as medidas para o Plano de Prevenção da doença no território Angolano.

Prevenção contra a doença

De entre as várias medidas de prevenção da doença, destaca-se o reforço na monitorização e vigilância epidemiológica transfronteiriça. Atendendo à sua gravidade de contágio, o MINSA orienta à observâncias de normas higiénicas que consistem na lavagem das roupas de cama, toalhas de banho e outras peças que tenham sido utilizadas pelo doente (ou suspeito) com lixívia e separadamente das outras roupas. Alerta que a água a utilizar no banho deve ser individual, salientando que se o colchão estiver fortemente manchado, o mesmo deve ser retirado da área de isolamento para o exterior e queimado. Para prevenir males maiores, deve-se usar a sanita para a deposição de fluidos corporais desinfectados previamente com bastante lixívia, tais como urina, fezes e vómitos.

O comunicado de imprensa informa ainda que quando não estiver disponível a latrina ou casa de banho, deve ser usado um buraco, onde se deve deitar lixívia e tapar com bastante areia, bem como preparar stock de contingência para a resposta. Trata-se de soros, analgésicos, antibióticos, material de protecção e de biossegurança, suportes para perfusão e outros materiais e meios médicos. O MINSA diz ter orientado as províncias fronteiriças a reforçar a vigilância nos pontos de entrada (portos fluviais e marítimos, aeroportos) de Benguela, Cabinda, Catumbela, Luanda, Lunda- Norte, Lunda-Sul, Malange, Moxico, Uíge e Zaire e nos pontos fronteiriços terrestres. Acrescenta que, considerando os grandes movimentos migratórios e por se tratar de doença altamente contagiosa, orientouse que todas as direcções provinciais, e em particular as unidades sanitárias do país, a manterem-se em estado de alerta e observarem todas as medidas de prevenção.

Outras medidas profilácticas

Segundo o comunicado, foi ainda orientado o reforço da vigilância epidemiológica, investigação de rumores e notificação aos níveis hierárquicos superiores (Repartições Municipais de Saúde, Direcções Provinciais de Saúde, Direcção Nacional de Saúde Pública, Centro de Processamento de Dados).O documento explica que a notificação é um acto obrigatório para todas as unidades sanitárias, utilizando a definição padronizada de caso e a ficha de notificação. Acrescenta que deverá distribuir a definição de casos, a todas as unidades sanitárias públicas, privadas e filantrópicas do país, e manter escrupulosamente as medidas de protecção individual e de biossegurança. O MINSA orienta igualmente que antes de tocar ou pegar num doente suspeito deve-se utilizar as luvas ou amarrar nas mãos um saco plástico forte, sem rupturas. Em caso de morte, o corpo não deve ser tocado/mexido pela família, apenas pelas autoridades da saúde.

Formas de transmissão da doença

A doença é transmitida por contacto directo com pessoas infectadas, ou através do sangue, ou outros fluidos corporais (urina, febre, vómitos, saliva, suor, sémen, secreção vaginal). É ainda transmitida por contacto com animais contaminados ou ainda através de ferimentos com objectos cortantes ou perfurantes (principalmente por agulhas, lâminas, tesouras e pinças).

Como se manifesta

A doença manifesta-se por febre alta, de início súbito (em mais de 82% dos casos), cefaleias, vómitos, erupções cutâneas, comprometimento marcado do estado geral, hemorragia em várias partes do corpo (nariz, boca, pele) e pode evoluir rapidamente para falência multiorgânica e morte. O tratamento é sintomático de acordo com a gravidade e consiste em medidas gerais. A República de Angola e a República Democrática do Congo partilham uma extensa fronteira territorial e registam um intenso fluxo migratório que exige das duas partes cautelas.