Angolanos na Zâmbia querem regressar ao país

Angolanos na Zâmbia querem regressar ao país

Oito a dez mil angolanos, dos mais de 20 mil que constituem a comunidade residente na República da Zâmbia, manifestam a sua vontade de regressar ao país, no âmbito do repatriamento voluntário.

Com o fim do estatuto de refugiado, em 2013, 15 mil angolanos encontram- se ainda albergados em dois campos na República da Zâmbia, nomeadamente o do “Mayuca Yuca”, na província ocidental do Mongo e Mayeba, em Solwezi, ao abrigo das relações de reciprocidade e cooperação entre os governos dos dois países. Outros cerca de 10 mil, por razões matrimoniais, familiares e outras, deixaram estes locais e estão espalhados pelas diversas cidades zambianas, designadamente, Lusaka, Livingstone e Ndola. Dificuldades de ordem financeira e a falta de documentos de identificação adiam esta pretensão de regressar, uma questão que está a ser analisada e tratada pelas autoridades angolanas.

Em entrevista concedida à Angop e ao JA, em Lusaka, o segundo secretário e responsável pelo sector consular da embaixada de Angola naquele país, Cabral Laureano, esclareceu que o Governo local iniciou um processo de reintegração. Este consiste na distribuição de parcelas de terreno para fins habitacionais e da prática de agricultura com vista a abandonarem os dois campos, uma vez que os mesmos já não têm o estatuto de refugiados. Porém, esta medida, de acordo com o diplomata, esbarra pelo facto da falta de legalização, uma das condições para o seu reassentamento em zonas previamente indicadas pelas autoridades zambianas e também na falta de condições para desmatar os espaços concedidos, Uma equipa do Ministério da Justiça e Direitos Humanos esteve há algum tempo na Zâmbia para o cadastramento e, consequente, atribuição do Bilhete de Identidade, mas essa operação só atingiu dez por cento da comunidade.

Espera-se que outras missões sejam enviadas à Zâmbia para o prosseguimento do processo, uma condição indispensável para que os angolanos possam ser reassentados, uns, e repatriados, outros. A necessidade do domínio da língua portuguesa é outra prioridade que deve ser tida em conta, no entender de Cabral Laureano, para que os membros da comunidade, principalmente aqueles que pretendem voltar ao país, possam integrar-se da forma mais natural possível.