Exposição de arte contemporânea africana sob o signo tecnológico aberta em Luanda

Exposição de arte contemporânea africana sob o signo tecnológico aberta em Luanda

 A mesma integra 10 “imagens mágicas” representadas em panos africanos, e pode ser vista através do aplicativo “Wakpon”, criado para o efeito. a exposição foi aberta ontem, na Galeria do Banco Económico, e fica patente até ao dia 15 de Junho

Texto de: Jorge Fernandes

Trata-se de uma exposição totalmente produzida em África, baseada na tecnologia de realidade aumentada. É composta por 10 imagens que, por sua vez, escondem mais de 40 obras de artistas africanos contemporâneos, que são apenas visíveis através do aplicativo “Wakpon”.

Segundo o director da Aliança Francesa de Luanda, a mostra foi criada pela Fundação Zinsou, no Benin e permite que os visitantes possam visitar várias obras num espaço pequeno, pois nem todos têm a possibilidade de visitar o museu.

Paul Barascut disse, por outro lado, que depois da mostra ter passado por mais de 20 países africanos, é a vez do público angolano com acesso à internet interagir com as obras dos artistas, que podem ser vistas por via de um telemóvel ou tablet depois de baixada a aplicação. Através do site da Aliança Francesa, o público pode ainda imprimir as imagens em formato A4.

O responsável fez saber ainda que pretende-se que a mostra seja itinerante, devendo a mesma passar por outras cidades do país, sendo prioritárias Cabinda e Lubango, onde estão implantados núcleos da Aliança Francesa. A exposição em Angola é uma iniciativa da Aliança Francesa em parceria com o Banco Económico e visa homenagear o continente africano no rescaldo do dia 25 de Maio, em que se assinalou mais um dia dedicado ao continente berço da humanidade.

Reações

Lucas Miguel foi um dos visitantes da exposição. Abordado pelo OPAÍS, manifestou-se surpreso pela iniciativa, tendo confessado que inicialmente não tinha percebido os motivos da exposição, só depois da explicação é que compreendeu a viagem que se pode fazer através do aplicativo.

“Inicialmente estava confuso. Não estava a perceber o porquê do aplicativo e só depois de ter baixado é que compreendi a natureza da exposição, onde os artistas espelham, cada um à sua maneira, a vivência do continente através das suas performances”.

Por sua vez, Laura Sampaio, outra apreciadora da exposição disse que há obras que fazem reflectir a problemática do continente africano através da arte. “Temos um continente muito sofrido mas, ao mesmo tempo, muito belo. E é isso que os artistas mostram”, apontou.

Os autores
cyprien Tokoudagba: artista beninense falecido em 2012. o seu trabalho está intimamente ligado à história cultural e cultual do reino do Daomé. Muito ligado à noção de transmissão de crenças e história nas suas pinturas em acrílico, são os emblemas dos reis de Daomé que cyprien Tokoudagba representa.
frédéric Bruly Bouabré: artista costa-marfinense falecido em 2014. os doze desenhos apresentados pertencem a uma obra intitulada “connaissance du monde” (“o conhecimento do Mundo”) projecto enciclopédico com vocação universal que o artista seguiu durante quase meio século.
George Lilanga: George Lilanga é um artista tanzaniano, falecido em 2005. as suas pinturas com cores brilhantes, representadas em superfícies planas, mostram os grandes mitos da sua cultura, os Macondes, uma população de língua banta que vive principalmente no sudeste da Tanzânia e norte de Moçambique. Omar Victor diop: o trabalho do fotógrafo senegalês retrata uma geração que trabalha para fazer da África moderna o crisol da criação contemporânea.
Soly cissé: o artista senegalês interroga, através da sua obra, a condição humana numa sociedade em mutação.
Bruce clarke: artista britânico, de origem sul-africana, que combina pintura e colagens, palavras e imagens, brincando com as sobreposições e efeitos de transparência.
Samuel fosso: camaronense instalado há muitos anos em Bangui, república central africana, samuel Fosso está constantemente em criação, sempre através do género que o distingue: o auto-retrato.
J.d.’Okhai Ojeikere: o artista nigeriano, consciente do papel essencial da fotografia na preservação da sua cultura, reúne – através da série apresentada – mais de 1.000 fotografias de penteados das mulheres nigerianas.
Gérard Quenum: o artista Gérard Quenum nasceu em 1971 em Porto Novo, no Benin. Explora nas suas obras o tema do transporte público, com o famoso Taxi Brousse.
Romuald Hazoumè: o artista beninense coloca nas suas obras questões sobre si mesmo, sobre o futuro de África, ou ainda a evolução do mundo. Ele reivindica para si mesmo esta cultura, definindo-se como um “arè”, um artista-viajante que espalha a tradição ioruba através das suas viagens.