Escola Americana diz nunca ter sido notificada pelo Governo

Escola Americana diz nunca ter sido notificada pelo Governo

A direcção da instituição disse que remeteu o processo para o seu licenciamento ao município de Talatona e não ao de Belas, como consta no despacho do Ministério da Educação. Depois da orientação do Governo, a escola continua a funcionar. Pais e encarregados de educação pedem sensibilidade das autoridades

Texto de: Milton Manaça

O administrador da Escola Americana de Angola (American School of Angola), Marcos Agostinho, afirmou ontem, em Luanda, que nunca receberam qualquer convocação formal por parte do Governo para apresentarem os documentos de legalização. Em conferência de imprensa realizada estritamente para responder ao despacho do Ministério da Educação (MED) que dita o encerramento da instituição, por alegadamente funcionar de forma ilegal, disse: “não temos nenhum comunicado por parte do MED”. Realçando que tomaram conhecimento da ordem de encerramento por intermédio da imprensa.

Marcos Agostinho disse que “foi auscultado o município errado (Belas), não de forma propositada”, enquanto o processo de licenciamento foi remetido ao município de Talatona em Janeiro do corrente ano, apesar de estar a leccionar desde Setembro do ano passado.

Já o director do Gabinete Jurídico American School of Angola, Cipriano Caso, disse que se tivessem recebido um ofício, da parte do MED ou do Gabinete da Educação de Luanda, teriam feito parte do encontro ou estariam presentes no momento em que os inspectores visitaram as suas instalações.

Segundo o despacho do MED, datado a 23 de Maio de 2018, constatou- se que não existe nenhum registo de processo de legalização referente ao estabelecimento de ensino em causa, depois de se ter auscultado o Gabinete Provincial da Educação de Luanda e a Direcção Municipal da Educação do Belas, concretamente as áreas do ensino particular.

Em entrevista recente a OPAÍS, o director do Gabinete de Educação, Narciso Benedito, disse que, em Fevereiro e Abril do corrente ano, uma equipa de inspectores dirigiuse à American School of Angola para fazer uma vistoria, em face das sucessivas publicidades que a mesma vem fazendo.

Na ocasião, terão intimado a direcção da American School of Angola a comparecer no referido gabinete e no MED, a fim de esclarecerem as razões do funcionamento de forma ilegal, mas nenhum membro da instituição compareceu até à data da emissão do despacho de encerramento.

Alunos continuam em aulas

Os responsáveis da Escola Americana dizem ter observado todos os requisitos exigidos pela lei angolana para o seu licenciamento e garantem que estão em comunicação com o MED para o seu licenciamento.

Os alunos que estavam inscritos no pólo de Talatona foram transferidos para o pólo da Ingombota e a escola continua a leccionar o ensino médio com um curriculum licenciado pelo Departamento de Estado norte-americano.

O administrador da American School of Angola disse ainda que já pediram os exemplares do processo de legalização em curso em Talatona para dar entrada no município de Luanda, onde se encontram as crianças.

Importa frisar, que o pólo da American School of Angola em Talatona encerrado abriu as portas ao público em Setembro de 2017, tendo sido inaugurado pelo embaixador de Angola nos EUA dos Unidos, Agostinho Tavares.

Encarregados pedem bom senso ao MED

Faltando duas semanas para o encerramento do ano lectivo, pais e encarregados de educação solicitam ao Governo que permita que os educandos terminem as aulas para posteriormente dar-se seguimento ao processo.

“O nosso problema é o ano lectivo que os nossos filhos podem perder, não é o dinheiro. Que papel de legalização é mais importante que o ano lectivo que os nossos filhos podem perder?”, questionou o encarregado Mário Silva.

Os encarregados apelam para o bom senso do MED nas negociações com a escola, no sentido de permitir que o ano lectivo chegue ao fim.