IMOGESTIN comemora 20 anos

IMOGESTIN comemora 20 anos

É uma empresa privada, mas, hoje, tal é a sua projecção no mercado, poucos saberão desta particularidade, já que assumir a gestão e venda do património imobiliário promovido e implementado pelo Estado levou a que a IMOGESTIN fosse confundida com uma empresa pública

POR: André Mussamo

O projecto começou a ser concebido em 1997, designado pelos seus fundadores como “marco iniciático”, o que, na verdade, é a trave mestra do edifício empresarial, mas a iniciativa ganhou corpo e forma no ano seguinte, 1998, precisamente a 15 de Junho. Surgiu ligada a uma empresa pública, a Bricomil – Brigada de Construções Militares. O nome da empresa é uma síntese do seu objecto social, a saber, Imobiliário, Gestão e Investimento. Segundo Rui Cruz, presidente do Conselho de Administração (PCA), a Imogestin surgiu porque os mentores da iniciativa vislumbraram no mercado “um espaço de negócios que começava a dar os primeiros passos, mas para o qual não havia uma vertente focada nele”. Foi desta visão futurista que a Imogestin direccionou a sua retina para os negócios de promoção imobiliária e de gestão de empreendimentos, comprometida com a sustentabilidade dos projectos e a satisfação dos clientes.

Depois seguiu-se um período de trabalho árduo para erguer um projecto fundado em princípios ético-deontológicos e na legalidade, cuja missão central é a satisfação dos clientes. Com meia dúzia de “bravos empreendedores”, uma participação de 20% de capital público, originário da Ensa, E. P. e um capital social inicial de 120 mil dólares, a empresa começou a ganhar forma e vida. Algum tempo depois, o capital social subiu para 190 mil dólares. Nesta fase, foram accionistas de referência, para além da BRICOMIL, E.P., com 40%; o Banco BAI, com 20%; e a ENSA, E. P. com 20%, com os restantes 20% dispersos entre particulares. A partir desta data, a nova empresa privada iria estabelecer-se no segmento da gestão imobiliária, incluindo nela a prestação de serviços de promoção, mediação, organização de grupos de construção e condomínios e demais iniciativas associadas.

O curso e história da empresa variam bastante desde a altura em que se envolve nos Projectos Habitacionais do Estado, nomeadamente o “Nova Vida” e as Centralidades construidas em várias cidades do país, com destaque para Luanda. Por convite do Executivo para desempenhar esta “árdua tarefa antes da responsabilidade da SONIP, uma subisidiária da Sonangol”, a Imogestin passou a ter em suas mãos uma tarefa hercúlea. Daí, ganha abrangência em todo o país e o nome da empresa entra no vocabulário dos cidadãos mais comuns de Angola, não fosse a habitação uma necessidade primária. Nas portas das suas dependências formaram-se verdadeiras “filas indianas” a pretexto de realizar o sonho da casa própria, e nas suas mesas caiem dossieres de toda a indole, desde os mais pacíficos aos de mais complexa resolução. Na verdade, ao aceitar a empreitada empreitada que lhe fora apresentada pelo Governo, a Imogestin estava a assumir os activos da então gestora dos projectos, mas também os seus passivos, e estes, os últimos, não são poucos e nem sequer pacíficos. E assim tem sido o dia a dia da empresa.

Precalços

Um dos grandes percalços vividos pela Imogestin, segundo o seu PCA, é o negócio da hotelaria. A Imogestin é detentora de hotéis no país, nomeadamente os três hotéis Términus. Neste sector foram efectuados investimentos e a expectativa de receitas está a ser levada ao fracasso em virtude da realidade económica actual. “infelizmente, as infra-estruturas não são as melhores, a energia alternativa ainda é muito utilizada, as carências alimentares ainda são muito grandes, ao nível dos produtos, há mesmo escassez, e esse quadro torna o negócio hoteleiro um desafio. É uma área em que ficamos aquém das expectativas”, considerou Rui Cruz, que admitiu a alternativa de alienar parte dos seus interesses societários nos hotéis.

Outro perçalco vivido nos 20 anos da Imogestin é o projecto da Ilha da Cazanga, pertença da Arquidiocese Católica de Luanda, para a qual um projecto aprovado em Conselho de Ministros, na ordem dos 100 milhões de dólares, permitiria o surgimento de um verdadeiro ninho paradisíaco, fazendo dela uma ilha resort com campos de golfe, hotéis, com habitação e a dimensão à escala do investimento. “Podemos então dizer que primeiro a hotelaria e segundo também a hotelaria, mas na indústria do turismo, ou no imobiliário turístico, vivemos os nossos grandes percalços. Outro projecto que nos trouxe algumas dificuldades é o facto de procurarmos reduzir o risco do imobiliário. O imobiliário tem ciclos. Ao contrário de outros sectores da economia”, referiu o homem forte da Imogestin em entrevista recente.

Projectos

No capitulo da promoção imobiliária, a empresa tem uma carteira de projectos detidos exclusivamente pela sociedade, com destaque para os Hotéis Terminus no Lobito e Ndalatando, e outras parcerias com investidores, os pojectos participados, com destaque para os projectos “Muxima Plaza e Kianda Towers”. Segundo o PCA da Imogestin, Rui Ramos, o país vive um momento de renovação de esperanças no futuro, em que as empresas privadas são desafiadas a contribuir para o seu desenvolvimento. “Para respondermos a esse desafio, teremos de definir claramente os nossos objectivos, estruturar acções e iniciativas. Os desafios são enormes, mas os trabalhadores da Imogestin, em especial, são o nosso grande activo”. A empresa, segundo o seu PCA, não esta focada somente no negócio imobiliário. Nos últimos dois anos procurou evoluir para a diversificação de negócios. “Temos uma empresa ligada à gestão de parques de estacionamento, temos uma empresa dedicada à gestão da manutenção de imóveis, temos uma empresa ligada à hotelaria e turismo”. Além dessas três empresas, o que a Imogestin hoje maioritariamente faz é “a gestão de projectos, podem e devem ser negócios separados, autónomos”, revelou. “Neste momento, o poder político anunciou que vai criar medidas de incentivo à indústria do turismo. Ora, naturalmente que, tendo um veículo empresarial para isso, podemos estudar e ver quais são os recursos humanos e financeiros a aplicar nesse negócio” , perspectivou Rui Ramos.

Os 20 anos da Imogestin

As comemorações dos 20 anos da Imogestin estão a dar lugar a diversas actividades de natureza técnica, social e cultural, com destaque para uma conferência em que foi feita uma análise à problemática da habitação social no país, em Março último. Para hoje, o centro das comemorações é a gala a ter lugar logo mais numa das salas de conferências da capital angolana. Para o próximo mês de Setembro, a atracção é a segunda edição dos “Prémios Kubikuz” que visam incentivar os arquitectos e engenheiros na busca de soluções para a concepção de habitações sociais, que sejam acessíveis aos cidadãos angolanos de rendimento médio. Paralelamente decorrem variadas acções no âmbito da responsabilidade social da empresa. Intervenções em escolas, lares, creches e outras instituições sociais, constituem a agenda solidária da Imogestin no âmbito dos festejos dos seus 20 anos de existência. Com um vasto património ainda por comercializar, a Imogestin apela aos candidatos nas mais variadas cidades de Angola “alguma paciência”, porquanto muitos dos entraves que neste momento dificultam a comercialização das habitações estão fora da sua alçada, nomeadamente o fornecimento de energia eléctrica e água, assim como a infra-estrutura de drenagem de águas residuais e pluviais das centralidades. Segundo Mário Guerra, da área de Comunicação e Imagem da empresa, é responsabilidade do Governo assegurar o fornecimento desses serviços, sem os quais não se criam condições de habitalidade nas centralidades.