Namibianos querem investir em fábrica de cimento no Lubango

Namibianos querem investir em fábrica de cimento no Lubango

O valor a ser investido, ainda desconhecido, resultará da parceria entre namibianos e angolanos, mas a verdade é que está na forja a construção de uma unidade de produção de cimento no Lubango, província da Huíla

POR: Miguel Kitari

Pela sua localização geográfica, que oferece acesso rápido ao mar (Namibe e Benguela), para o centro (Huambo) e para o sudeste (Cuando- Cubango), a cidade do Lubango, província da Huíla, foi escolhida para acolher uma nova fábrica de cimento. O presidente da Associação Agro-pecuária, Comercial e Industrial da Huíla (AAPCIL), Paulo Gaspar, confirma a informação e avança que estão a ser criadas condições para que o investimento se efective. “Ainda só é intenção. Os empresários namibianos estão à procura de parceiros nacionais. Dentro de 15 dias vamos reunir no Lubango para acertos finais”, revelou o responsável associativo. Paulo Gaspar realçou que as fábricas da Namíbia sempre produziram cimento para exportar a Angola, fundamentalmente à sua região sul, uma vez que a população local, estimada em cerca de 4 milhões de habitantes, não tem capacidade para absorver o produto todo.

“Eles querem uma zona onde já haja calcário. E aqui no Lubango temos uma zona de calcário nas proximidades da Leba, e outra já no Namibe. Portanto, vão precisar apenas de comprar clinker, no Cuanza-Sul”, considerou. Ainda sem nome e valor global do investimento, o certo é que a futura unidade de produção a ser instalada nos arredores da cidade do “Cristo Rei”, é uma iniciativa de empresários namibianos. Quando entrar em funcionamento, a fábrica vai assegurar acima de 100 postos de trabalho directos e outros tantos indirectos, assim como fomentar o sector da indústria na província. Da parceria entre namibianos e angolanos surgiu já, na última semana, uma fábrica de utensílios em plástico, no município da Humpata, província da Huíla. Neste momento o país conta com as fábricas de cimento da Nova Cimangola, CIF, em Luanda, FKCS (no Cuanza-Sul), Secil e Cimenfort (na província de Benguela), sendo que Cabinda e Namibe, nos próximos tempos, poderão lançar uma fábrica cada uma do grupo Cimenfort.

Produção actual de cimento

A capacidade instalada nas unidades fabris em Luanda, nomeadamente a CIF, é de 3.800.000 toneladas por ano, enquanto na Nova Cimangola ronda as 1.800.000 toneladas por ano. Na província do Cuanza-Sul, a FKCS produz 1.350.000 toneladas por ano, por sua vez a província de Benguela conta igualmente com duas fábricas, a Secil Lobito com uma produção de 300.000 toneladas por ano e a Cimenfort com 750.000 toneladas por ano, perfazendo um universo de 8.000.000 toneladas anuais no país inteiro. Tendo em conta a evolução do mercado do cimento, o país deverá consumir entre 4.500.000 e 5000.000 toneladas por ano. Com essas marcas, o país atingiu a auto-suficiencia em termos de produção cimenteira, permitindo que o excedente seja exportado a países vizinhos, como o Congo Democrático, para onde são enviadas elevadas quantidades de cimento por mês, através da fronteira do Luvo.