Subida dos combustíveis nas mãos das Finanças

A petrolífera, que anunciou deixar de investir em negócios fora do segmento petrolífero, acredita que um reajustamento no preço dos derivados pode poupar milhões de dólares

POR: Hélder Caculo

Há meses que a nova administração da Sonangol liderada por Carlos Saturnino vem discutindo com o Executivo um novo reajuste nos preços dos combustíveis, através de um aumento das tarifas ou ainda através de um mecanismo que permita que os preços tenham um intervalo variável e flutuante tal como ocorre com o câmbio de divisas. O PCA da petrolífera reafirmou, ontem, a possibilidade de os preços dos combustíveis virem a ser reajustados ainda no presente ano económico, estando a proposta a ser discutida em conjunto com o Ministério das Finanças. “Há um trabalho em curso para actualizarmos os preços.

O desfecho dependerá do Ministério das Finanças”, revelou. Com um reajustamento nos preços da gasolina e do gasóleo, por exemplo, Carlos Saturnino acredita que a petrolífera reduziria muitos custos, porque a taxa de câmbio utilizada para os pre-ços da Sonangol é de Kz 155 o dólar, ou seja, continua a ser muito mais baixa que os 166 que o BNA utilizava anteriormente, “ um indicador que demonstra o esforço da petrolífera em prol das necessidades da população angolana”.

A última actualização nos preços dos combustíveis ocorreu em Janeiro de 2016, quando o Governo anunciou o fim dos subsídios ao gasóleo, cujo preço subiu de Kz 90 para Kz 135, o litro. No mesmo ano, a gasolina (ainda subsidiada) subiu de Kz 115 para Kz 160 o litro. Com os reajustes, além do gasóleo e da gasolina, também o preço do petróleo iluminante, do gás doméstico, do Jet A1 (Kz 151,5, o litro) para aeronaves, do Jeb –B, do full e do asfalto, podem disparar. O país ainda importa cerca de 74, 1 % dos derivados de petróleo que consome. A Refinaria de Luanda, agora em reestruturação, produz 23,9% e a Topping Cabinda 2%. Para fazer face à importação de derivados e aumentar a produção, a Sonangol assinou, recentemente, um acordo de assistência técnica e financeira com a italiana ENI, avaliado em mais de USD 200 milhões, que visa dinamizar a Refinaria de Luanda e torná-la mais lucrativa e mais produtiva. Também com a operadora TOTAL, a Sonangol assinou um outro acordo durante a semana passada, que visa assegurar, formalmente, o fornecimento de gasolina ao mercado doméstico angolano para os próximos 12 meses.

Vai cessar investimentos fora da sua área de negócios

Carlos Saturnino avançou igualmente que a Sonangol vai deixar de investir em negócios fora do sector petrolífero. “Sonangol está a se preparar para vender participações. O objectivo é que a Sonangol volte a focar-se na sua principal actividade. A Sonangol muito provavelmente vai sair de muitas participações em que está inserida”, declarou. O gestor da estatal angolana referiu ainda que as operações no Iraque, paralisadas em virtude do conflito armado, e na Venezuela, afectadas pela crise económica naquele país, voltaram ao activo, estando neste momento em exploração blocos que detém nos dois países.

Sonangol nega participação em conferência de energia

A Sonangol nega estar associada a denominado “Angola Future Energy Conference que provávelmente se realizará em Londres, no mês de Outubro deste ano, a qual, segundo está a ser anunciado, contaria, entre os seus palestrantes, com o PCA da Sonangol. “ Com o único propósito de repor a verdade, a Sonangol informa que não está associada ao referido evento, sendo abusiva qualquer menção ao seu nome ou referência à participação de qualquer dos seus representantes…”