Tesoureiro do BIC julgado por roubo de mais de um milhão de Kz

Tesoureiro do BIC julgado por roubo de mais de um milhão de Kz

Teve início, ontem, no Tribunal Provincial de Luanda, o julgamento de quatro cidadãos acusados de terem assaltado uma das agências do Banco BIC, no Morro Bento, de onde subtraíram um milhão e 600 mil Kz, uma acçãoque contou com a colaboção de um tesoureiro daquele banco

Texto de: Romão Brandão

O caso, sob alçada do juiz da 7ª Secção da Sala dos Crimes Comuns, Artur Chissungo, tem arrolado nove réus, cinco dos quais julgados à revelia, que no dia 3 de Maio de 2017, perpetraram um assalto a uma agência do Banco BIC, no Morro Bento, na conhecida Rua da Jonce. Os réus prófugos estão identificados apenas por Jair, Assanhado, Adilson, Zé Brown e Ti Zuela.

Os réus que se fizeram presentes no Palácio Dona Ana Joaquina são Manuel Faustino, Domingos Fonseca, Nelson Sebastião e Gerson Tavares, este último, à data dos factos, tesoureiro na agência assaltada. Gerson Tavares, de 32 anos, tinha um rendimento mensal de 220 mil Kz, enquanto tesoureiro do banco, e os outros réus o acusam de ter passado todas as informações indispensáveis para o assalto ao banco.

Esta acusação deve- se ao facto de um dia antes do assalto, quando os oito planeavam a acção, o co-arguido Assanhado ter recebido uma chamada de Gerson. Na chamada, colocada no vivavoz o tesoureiro indicava as coordenadas e as ferramentas do interior do banco, para que a acção tivesse sucesso.

Assim, os cidadãos roubaram duas viaturas e partiram, na manhã do dia 3 de Maio, para a acção. Duas armas de fogo do tipo AKM e uma pistola de marca Makarof foram usadas no assalto.

Primeiro imobilizaram o guarda da porta frontal, que estava desarmado e transportava apenas o detector de metal, tendo-o obrigado a internar-se no banco. O segundo guarda, embora estando armado, foi surpreendido na parte lateral do banco por três dos meliantes e neutralizado.

No interior do banco, empunhando as armas de fogo, os meliantes anunciaram o assalto. “Todo mundo no chão”, simplesmente tinham que obedecer às ordens dos assaltantes. Rapidamente, recolheram telefones dos clientes, cartões multicaixa e dinheiro. O tesoureiro, obviamente, para parecer alheio ao assalto agia com descontracção.

Tesoureiro agiu com naturalidade Ao subtraírem os pertences dos clientes do banco, um dos meliantes dirigiu-se ao tesoureiro, apontando- lhe a arma na cabeça, diante de todos, ordenou que abrisse o cofre do banco. Uma vez em posse do dinheiro, um milhão e 600 mil Kz, bem como os pertences dos clientes, os arguidos colocaram-se em fuga, tendo repartido o produto do roubo à bordo das duas viaturas.

Após os meliantes abandonarem o banco, um dos clientes dirigiu-se à esquadra vizinha para participar a ocorrência, quando no percurso reconheceu uma das viaturas usadas no assalto. A polícia accionou a busca, tendo inicialmente conseguido capturar o co-réu Manuel Faustino.

Manuel Faustino também é conhecido por líder, soldado das FAA, que antes de ter sido preso estava escalado para uma missão na província do Uíge, mas encontrava- se em Luanda a praticar assaltos. Tem mulher e três filhos, ganhava 22 mil Kz, tal como declarou no tribunal.

A primeira coisa que Manuel Faustino disse, ao ser capturado pela Polícia, é que o assalto só foi possível graças à colaboração do co-arguido Gerson, então tesoureiro do BIC, o que o arguido Domingos Fonseca também referiu durante o auto de instrução preparatória. E Gerson negou firmemente ter colaborado com os meliantes.

Até ao momento, o dinheiro do banco, bem como os pertences dos clientes e funcionários roubados não foram recuperados. Assim, vêm os réus acusados do crime de roubo qualificado, posse ilegal de arma de fogo e associação de malfeitores.

A primeira sessão de julgamento serviu para ouvir Manuel Faustino, também conhecido por líder, que disse conhecer os co-arguidos Assanhado (prófugo) e Domingos Fonseca, bem como reafirmou que a participação do tesoureiro foi crucial para o sucesso do assalto.

Saliente-se que o co-réu Domingos Fonseca já esteve preso, condenado a um ano e 6 meses, pelo Tribunal Provincial de Luanda, por assaltar um banco em 2015, tendo o juiz da causa sublinhado que é reincidente.

É também reincidente no mundo do crime o co-arguido Nelson Sebastião, mais conhecido por “Monga”, uma vez que esteve preso na Comarca de Viana, condenado a dois anos de prisão, por agressão física.