Hamilton Francisco expõe “Behind The Doors” na Galeria do Espaço Luanda Arte

Hamilton Francisco expõe “Behind The Doors” na Galeria do Espaço Luanda Arte

A colecção é resultante de uma residência artística de quatro semanas no ELA – Espaço Luanda Arte, cujo projecto se estendeu a aproximadamente um ano

Texto de: Augusto Nunes

“Behind The Doors” a mais recente criação do artista pintor, Hamilton Francisco “Babu”, será inaugurada Sexta-feira, 6, às 18 horas, no ELA -Espaço Luanda Arte. Reunindo duas instalações e 9 quadros de pintura, a mostra tem a curadoria de Catarina Pires e esteve sujeita a um mês de preparação.

É resultante de uma residência artística de quatro semanas no ELA – espaço Luanda Art, um projecto que durou quase um ano. Com esta obra, segundo a curadora, Hamilton Francisco “Babu” evidencia um adensamento do processo de questionamento, reflexão e investigação artística iniciado na instalação performática portas abertas – portas fechadas.

Trata-se de um trabalho apresentado em Coimbra (Portugal), em Dezembro de 2017, no âmbito da Bienal de Arte Contemporânea Anozero, que interpelava de forma inquietante o tema da Bienal, que incidia nas várias acepções da ideia de reparação e cura, quer em termos individuais e subjectivos, quer em termos colectivos.

Com essa experiência, site specific, o artista predispôs-se estar e partilhar aberta e generosamente com todos os visitantes a sua teia de influências e inquietações, naturalmente paradoxal, assumindo que a arte não é uma promessa mas uma ilusão. Ao nomear esse momento performático expõe uma inquietação traduzida no circular abrir e fechar de portas, enquanto possibilidade ambígua entre o mundo que revelam e do qual, simultaneamente, se protegem e se isolam.

Para a curadora Catarina Pires, o movimento de abrir e fechar portas conduz o sentido da sua obra artística para a relação que estabelece com o espaço – entre o interior e exterior – e com o reconhecimento territorial da construção da identidade e da alteridade.

Através do gesto de aberturafechamento, o artista-antropólogo procura compreender os processos de produção da diferença num mundo social, cultural e economicamente interconectado e interdependente. Esse movimento perpétuo que se inscreve na memória como um intervalo entre duas condições opostas – abrindo um vazio – enforma o seu pensar mestiço um mundo globalizado.