Petrolíferas anunciam plano de desenvolvimento para aumentar exploração de gás em Moçambique

O consórcio de petrolíferas que vai explorar a Área 4 do mar de Moçambique anunciou hoje que submeteu ao Governo o plano de desenvolvimento para a primeira fase do projeto Rovuma LNG que vai explorar gás nas jazidas Mamba.

 “O plano detalha a proposta de conceção e construção de duas unidades de liquefação de gás natural que irão produzir, cada uma, 7,6 milhões de toneladas por ano”, anunciam a Eni e ExxonMobil, líderes do consórcio.

Ou seja, de acordo com os dados, o projeto Rovuma LNG das jazidas Mamba deverá produzir 15,2 milhões de toneladas por ano.

A bacia do Rovuma está localizada em alto mar, ao largo da costa da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, a cerca de 1500 quilómetros da capital, Maputo, junto à fronteira com a Tanzânia.

A ExxonMobil vai liderar a construção e operação das unidades de liquefação e infraestruturas associadas, em terra, enquanto que a Eni irá liderar a construção e operação das infraestruturas ‘upstream’, ou seja, de extração do gás dos depósitos subterrâneos (jazidas), debaixo do fundo do mar, até à superfície, para depois ser conduzido até à fábrica.

“Estamos entusiasmados com o progresso do projeto Rovuma LNG, trabalhando com o Governo e aproveitando a experiência e as capacidades de todos os parceiros,” disse Liam Mallon, presidente da ExxonMobil Development, citado no comunicado.

“O desenvolvimento do Projeto Rovuma LNG está a avançar rapidamente”, acrescentou Stefano Maione, vice-presidente executivo da Eni para o programa de Moçambique.

O tamanho do projeto faz dele “um importante investimento no país” e “uma grande oportunidade para apoiar o crescimento económico e criar oportunidades para os moçambicanos”, acrescentou.

A decisão final de investimento do projeto Rovuma LNG da Área 4 está marcada para 2019.

“As atividades de marketing e as negociações dos acordos de compra e venda do LNG (sigla inglesa para gás natural liquefeito) estão em curso, com conclusão prevista para acontecer em paralelo com a finalização do processo de aprovação do plano de desenvolvimento”, acrescenta-se no comunicado.

“Conforme o progresso do projeto Rovuma LNG, serão envidados todos os esforços necessários para, de forma ativa, desenvolver as capacidades da força de trabalho e dos fornecedores locais em Moçambique”, conclui o comunicado.

O projeto Rovuma LNG é operado pela Mozambique Rovuma Venture, uma ?’oint venture’ cujos acionistas são a ExxonMobil, Eni e CNODC – China National Oil and Gas Exploration and Development Corporation que conjuntamente detém uma participação de 70% por cento na concessão da Área 4, cabendo três parcelas de 10% à coreana Kogas, Galp Energia e Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) de Moçambique.

Num comunicado hoje divulgado, a petrolífera portuguesa refere que o projeto Rovuma LNG “é um projeto de elevado relevo na estratégia da Galp e que se enquadra na redução da intensidade carbónica do seu portefólio”.

Este é o segundo projeto anunciado para exploração e liquefação de gás natural na Área 4.

O consórcio anunciou há um ano a decisão final de investimento para explorar a zona sul dos depósitos de gás Coral – descobertos dentro da mesma Área 4 – num projeto que consiste numa plataforma flutuante (que está a ser construída) capaz de captar, liquefazer e exportar o gás para cargueiros.

O projeto Coral Sul deverá começar a produzir a partir de 2022 ao ritmo de 3,4 milhões de toneladas por ano, enquanto o projeto Rovuma LNG com gás extraído da zona Mamba deverá arrancar em 2024 com capacidade para fornecer 4,5 vezes mais, em simultâneo.

Em paralelo, um outro consórcio vai explorar a Área 1 da bacia do Rovuma, liderado pela petrolífera norte-americana Anadarko.

O plano de desenvolvimento do consórcio da Área 1 foi aprovado pelo Governo moçambicano em fevereiro para a península de Afungi, distrito de Palma, na província de Cabo Delgado.

Junto à vila de Palma – já chamada de futura cidade do gás -, estão a avançar obras para instalação de uma fábrica de liquefação de gás e infraestruturas associadas com capacidade para exportar 12 milhões de toneladas por ano.

A decisão final de investimento do consórcio da Área 1 é também esperada para 2019.