Novos talentos em Mbanza Kongo clamam por mais actividades culturais

Novos talentos em Mbanza Kongo clamam por mais actividades culturais

A par das actividades relacionadas com a festa de aniversário da cidade são realizados eventos, que permitem a aparição de novos talentos. Apesar disso, os aspirantes a artistas afirmam não ser suficiente para a divulgação dos seus trabalhos, além da falta de apoios financeiros

POR: Antónia Gonçalo, enviada a Mbanza Kongo

Os novos talentos da música ao nível da cidade de Mbanza Kongo clamam por mais actividades culturais, para divulgarem o seu talento na província e no país. Estas declarações foram feitas por artistas que cantam há mais de três anos e, ainda assim, têm encontrado dificuldades para a divulgação dos seus trabalhos. É o caso do rapper Tal Boy, que canta há cinco anos. Em declarações ao OPAÍS salientou que os novos talentos enfrentam várias dificuldades, com maior realce para a falta de espectáculos musicais e apoio financeiro para a prossecução seguimento dos seus objectivos, como a promoção das músicas e, consequentemente, o lançamento de uma obra discográfica.

“Além dos aspectos acima referidos, a nossa cidade é carente de espaços culturais que possam vir a contribuir para a realização de vários espectáculos”, apontou o músico. Apesar do facto, Tal Boy avançou que são realizadas actividades de pequeno porte, como jogos de garrafinha, o que permite a actuação musical de novos talentos, embora considere insuficiente para a divulgação dos trabalhos. “Trabalho com um agente musical, mas apesar dos anos que levo-na música ainda não sabemos para quando o lançamento do CD, devido à falta de apoio”, avançou. Por sua vez, o kudurista Posterado que começou a cantar em 2010, actualmente com oito temas musicais no mercado, referiu que a divulgação do seu trabalho tem sido difícil, devido à falta de oportunidades. “Sendo realista, na nossa cidade é extremamente difícil divulgar o nosso trabalho, pelo facto de sermos novos talentos. Acredito que na capital as coisas são diferentes. Apesar de que algumas pessoas que conhecem o nosso trabalho apoiam-nos moralmente”, disse.

Insatisfação

O kudurista aproveitou a ocasião para denunciar que muitas vezes vêem-se obrigados a pagar a fim-de participar em alguns eventos realizados na cidade, mas não têm outra saída pois, de outro modo, é quase impossível. Todavia, Posterado apela às entidades de direito na província, de modo a que se promovam mais actividades culturais, para proporcionar mais oportunidades aos novos talentos. O kudurista avançou que os artistas registados na Direcção Provincial da Cultura, aquando da realização de actividades culturais, são chamados a participar, apesar de serem apenas incluídos em actividades de pequeno porte, clamando assim para a integração em grandes eventos.

Outras vozes

“As polivalentes”, grupo composto por três artistas, envolveram-se no mundo da música há precisamente seis meses. Mimosa, uma das integrantes referiu que o grupo foi bem recebido, pois têm tido feedback positivo por parte do público, mas não deixa de apelar para a necessidade de realização de mais actividades culturais, de modo a dar outra dinâmica à cidade. Os novos talentos Every Princ, Billionerboy, Jey Z Boy e o Inveja também defendem a realização de actividades culturais de forma mais abrangente, por parte do governo local e pelos promotores de eventos. Every Princ canta há quatro anos, estilos musicais como Guetho Zouk e Kizomba. “Graças a essas actividades o pessoal conhece o Every Princ. É claro que precisamos de mais eventos, porque ao nível dos demais municípios.

Director cultural reconhece o facto

Por sua vez, o Director Provincial da Cultura, Biluka Nsakala Nsenga, reconheceu a carência de actividades culturais, mas avançou que não são da responsabilidade do Governo Provincial, que tem a obrigação de orientar eventos do género, com base nas políticas em vigor. Biluka Nsakala Nsenga referiu que a realização de actividades culturais, como espectáculos musicais, são da responsabilidade dos promotores de eventos, o que não tem vindo a acontecer devido à falta de apoio por parte da classe empresarial local. “Esses promotores de eventos realizam pequenas actividades, mas eventos de grande porte não acontecem, porque não possuem capacidades financeiras para a sua realização. Aí reside a dificuldade”, disse o responsável. Quanto à falta de espaços culturais, sem avançar data, o director cultural disse que o Governo Provincial tem projectos em carteira que visam colmatar a situação, como a reabilitação do Cine Clube e a construção da Casa de Cultura.