Formalização da economia pode promover emprego

Formalização da economia pode promover emprego

A representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Angola, Nyamekie Marina, defendeu ontem, em Luanda, a formalização da economia de Angola, com vista a gerar empregos que venham beneficiar o grupo de cidadãos mais afectados pela onda de desemprego, sobretudo os jovens e as mulheres.

POR: Domingos Bento

A representante da OIT defendeu que é preciso que as autoridades angolanas formalizem as pequenas actividades informais que andam dispersas por falta de uma política eficaz e prática que possa estimular e garantir a criação de postos de trabalhos para a população. Nyamekie Mariana apontou a situação das mulheres que operam nos mercados informais e que, no seu entender, deveriam ver aproveitadas as suas habilidades comerciais, legalizando- as, e assim garantir o seu futuro e dos seus dependentes. De acordo com Nyamekie Marina, que falava no acto de lançamento de um projecto de microcrédito que beneficiou 75 mulheres, “80% da economia dos países africanos é informalizada e isso tem criado muitos constrangimentos na criação do emprego de que o continente precisa, para potencializar os jovens e mulheres que são os dois grupos de pessoas que mais são afectadas pelo desemprego.

Em reposta, o sectário de Estado do Trabalho e Segurança Social, Manuel Moreira, disse que o Executivo tem vindo a apostar numa série de medidas que têm como objectivo único a promoção do emprego nas suas mais váriadas vertentes. O governante apontou a aposta na formação profissional e a entrega de microcréditos a grupos de empreendedores nacionais como sendo uma das principais ferramentas que o Estado vem usando para o combate ao desemprego. Para Manuel Moreira, se as pessoas estiverem formadas e forem apoiadas com acções concretas que possam ajudá-las a desenvolver os seus negócios, facilmente conseguem estabilizar-se e ser o potencial parceiro do Estado na erradicação do desprego. “Hoje, o mercado precisa de pessoas que saibam fazer as coisas. E a formação profissional garante essa possibilidade de as pessoas desenvolverem as suas habilidades com conhecimento”, notou.

Por seu lado, Manuel Mbangui, director do Instituto de Formação Profissional (INEFOP), fez saber que a cedência de micro-crédito às pessoas com potencialidades de fazer negócio tem vindo a contribuir para a redução do número de desempregados. Só de 2008 até ao momento, o responsável deu a conhecer que o programa empreendedorismo na comunidade, iniciativa do Governo com vista à inserção de pessoas no mercado de trabalho por via de acções empreendedoras, já proporcionou emprego para muitos angolanos, sobretudo jovens das zonas mais desfavorecidas. Desde o início do projecto, Manuel Mbangui frisou que o programa, com parceria de bancos privados, já beneficiou cerca de 19.200 empreendedores que receberam crédito no valor em Kwanzas equivalente a mil dólares norte-americanos. O referido programa, tal como explicou, tem uma taxa de juros de 1,67 por cento, sendo que nos primeiros três meses os beneficiários têm um período de graça para trabalharem sem sofrerem quaisquer descontos.

Antes de receberem o crédito, todos os beneficiários, segundo Manuel Mbangui, passaram por um processo de formação específica em matéria de empreendedorismo. Neste sentido, explicou, já foram formados outras 70mil pessoas. “O nosso foco principal é capacitar. Quanto melhor capacitado o empreendedor estiver, melhores condições terá para desenvolver a sua actividade e maior será a taxa de sucesso do seu negócio, já que a actividade que cada um desenvolve aqui é capaz de dar sustentabilidade à sua família e outros”, frisou. Ainda durante o certamente de entrega de micro-créditos, o secretário de Estado do Trabalho e Segurança Social, Manuel Moreira, procedeu à abertura do primeiro centro móvel de formação profissional do município de Icolo e Bengo, que vai formar, nos próximos tempos, um total de 85 jovens locais da Vila de Catete em diversas áreas de actividade.