A obra com o sugestivo título “Kalunga” surge dois anos após a apresentação da anterior, “A Acácias e os Pássaros”, com o carimbo da Mayamba Editora
Texto de: Augusto Nunes
“Kalunga”, o mais recente trabalho literário do célebre escritor Manuel Rui, será lançado amanhã, Sexta-feira, às 18 horas, no Jango, da União dos Escritores Angolanos. O livro, sob coordenação editorial de Bruna Botelho, é um romance publicado pela Editora das Letras e divide-se em 8 capítulos dispersos em 298 páginas.
O crítico literário e autor do prefácio Boaventura de Sousa Santos, destacou a importância da nova obra como a melhor de todas que o autor escreveu até hoje.
O mais complexo, o mais sedutor e o mais difícil. Sublinhou que nesta obra, Manuel Rui resgata a humanidade, as forças e grandezas, mas também as fraquezas e misérias. Trata-se de um romance histórico quase novo, que, pela primeira vez, envolve o fatal Triângulo Sul, África, Brasil e Portugal. Realça ainda, que “Kalunga” é um romance que, como os anteriores, mas agora com mais intensidade, resgata a humanidade para além das suas contradições e nas relações estruturais, a contradição entre colonizadores e colonizados.
O lançamento desta mais recente obra literária de Rui Monteiro surge dois anos após o lançamento de “A Acácias e os Pássaros”, editado pela Mayamba, uma obra que chama a atenção dos leitores para a importância da palavra escrita e, ao mesmo tempo, apela à mudança de comportamento das pessoas e da própria sociedade.
O escritor Poeta, contista, ensaísta, crítico literário, Manuel Rui Alves Monteiro, conhecido nas lides literárias por Manuel Rui, nasceu a 4 de Novembro de 1941, na cidade do Huambo, ex- Nova Lisboa.
Desde cedo envolveu-se na política e emocionalmente com a causa do seu povo. Foi para Portugal fazer os seus estudos universitários onde permaneceu durante alguns anos, dedicando-se à sua profissão (advocacia) e à luta pelos seus ideais, que eram os mesmos que os do povo angolano, que há muito tinham despertado e cada vez mais se intensificavam.
Em Portugal, Manuel Rui, permaneceu até à Independência de Angola, optando depois por regressar ao seu país natal e levar em frente as suas intenções de continuar uma luta por uma Angola livre. Licenciado em Direito, em Coimbra, foi Ministro no Governo de Transição, em 1975, integrando a representação de Angola em organismos internacionais como a OUA e a ONU.
Participou em filmes, como figurante e declamando poemas, mas também escrevendo diálogos. Do espanhol ao mandarim, os seus livros estão traduzidos em mais de 12 línguas. Publicou em 1977 “ Sim Camarada”, o primeiro livro de ficção angolana pós-independência.
É também autor do livro “ Quem Me Dera Ser Onda”, que se converteu num clássico da literatura escrita em português. Foi ainda redactor da Revista Vértice, co-autor do suplemento Sintoma e sócio fundador da editora Centelha.
Figura incontornável das artes e letras angolanas, ao longo da sua vida manteve sempre estreita a colaboração com diversos jornais e revistas de renome, desde os tempos de Coimbra, no triângulo da Língua Portuguesa entre Angola (Jornal de Angola e Diário de Luanda, entre outros), Portugal (Público e Jornal de Letras) e Brasil (Terceiro mundo).
Algumas obras do escritor
- Poesia Sem Notícias
- A Onda
11 Poemas em Novembro: Ano Sete.
Assalto.
Ombela
O Semba da Nova Ortografia. Prosa Regresso Adiado Lisboa Sim Camarada!.
Luanda: Cinco Dias depois da Independência.
Memória de Mar.
Quem me dera ser Onda.
Crónica de um Mujimbo.
Um Morto & Os Vivos.
Lisboa Rio Seco
Da Palma da Mão Saxofone e Metáfora Um Anel na Areia.
Nos Brilhos.
Luanda Conchas e Búzios
O Manequim e o Piano Estórias de Conversa
A Casa do Rio Janela de Sónia Teatro
O Espantalho (Obra inspirada na tradição oral e representado por trabalhadores da construção civil da cidade do Lubango