Tempo não pára: “É uma novela antropológica que leva a repensar as coisas à nossa volta”

Tempo não pára: “É uma novela antropológica que leva a repensar as coisas à nossa volta”

Christiane Torloni é uma conhecida do público angolano por via da “caixinha” mágica da televisão, pelos vários personagens já interpretados em muitas novelas. Desta vez, a actriz entra novamente em cena, interpretando “Carmen”, na nova produção da Globo, “O tempo não pára”

POR: Antónia Gonçalo

Fale-nos um pouco do seu personagem, nesse desafio em que “encarna” Carmen?

A Carmen é uma mulher moderna, uma mulher do nosso tempo, que tem quase uma produção independente e é mãe de Samuca (Nicolas Prattes). Ela é sócia, parceira e amiga desse filho. Uma mulher do século XXI, livre, que paga as suas contas pessoais.

Como foi a preparação para a novela?

A preparação para a novela foi viver a vida, porque eu acho que sou uma mulher do século XXI (risos). Alinho-me com uma série de propostas que a novela tem. Acho uma coincidência incrível o Samuca ter a holding “SamVita”, a Carmen ser a sócia dela e motivadora e inspiradora de um projecto que é ligado ao meio ambiente.

Como assim?

Como ambientalista há mais de 10 anos, acho que é uma super posição muito boa a gente ter um núcleo importante na novela que vai falar sobre sustentabilidade, reciclagem e todo um processo de humanização num momento em que o planeta tem estado a tratar muito mal a espécie humana.

A “Carmen” demonstra haver algum conflito dentro dela? Tem a mesma apreciação?

Carmen é uma pessoa muito feliz. Não consigo imaginar, neste momento, nenhum conflito nela. Eu acho que o mais importante é que é uma mulher alegre, realizada, feliz. Não tem que ter tanto drama. Claro que ela vai viver o drama do filho como muitas mães fazem, mas é uma mulher muito satisfeita com a vida. Isso vai fazer com que ela observe a chegada desse homem de praticamente dois séculos atrás de uma outra maneira. A novela do Mário Teixeira (autor) é antropológica, porque vai incitar as pessoas a repensar sobre coisas que estão à nossa volta e que a gente não entende como é que funcionam. Mas, hoje em dia, a gente sabe perfeitamente por que é que o amor não está mais a funcionar. Ou por que é que funciona.

Como está a encarar o personagem que está a interpretar?

Eu tenho a sensação de que a “Carmen” é um personagem muito aprazível, visto que não tem uma pegada dramática. A gente tem de ter uma certa liberdade para ser alegre também. A vida é complexa, é difícil, às vezes é tumultuosa, faz parte do nosso tempo, mas as pessoas podem ser felizes, alegres… em alguns momentos, não o tempo inteiro – a gente sabe que não é possível. Mas eu acho que esse personagem que traz essa leveza, uma pessoa que conseguiu conquistar algumas coisas legais na sua vida, vive dessa vida que trabalhou, batalhou, e não dramatizou tanto, também é uma característica legal.

A novela

O Tempo Não Pára’ a acompanha a história de uma família congelada, em 1886, que desperta nos dias de hoje e precisa de aprender a lidar com os choques temporais. A referida família e alguns agregados permanecem congelados, no mar, durante 132 anos. Mais de um século alheios às revoluções sociais, inovações tecnológicas e conquistas científicas. Mais de dez décadas sem sequer ter ouvido falar das guerras mundiais, da chegada do homem à lua, da construção de aviões, do surgimento da internet ou da invenção da penicilina. São anos de avanços e descobertas que moldaram costumes, hábitos e linguagens da sociedade contemporânea e que vão gerar um choque imensurável numa abastada família do século XIX que desperta no século XXI.