Procura do Euro desvaloriza o Kwanza, diz economista

Procura do Euro desvaloriza o Kwanza, diz economista

O Euro custa 306,4 kwanzas e o Kwanza acumula perdas de 40,9 por cento do seu valor face à moeda europeia, um facto para que o economista João Zumba resulta da grande procura pelo Euro, que passou a ser a principal moeda de referência para as exportações de Angola.

A moeda nacional registou uma variação de 1,669 % ante a moeda única europeia na sessão de venda de divisas de Segunda-feira, 13. Com a participação de 23 dos 30 bancos comerciais, foi apurada a taxa mais alta de AKz 307,248 por Euro e a mais baixa de Kz 305,891 por Euro. Foram colocados no mercado primário 35 milhões de euros Segundo o economista João Zumba, a desvalorização do Kwanza face ao Euro prende-se com o aumento da procura pela moeda europeia, pois está raro encontrar dólares no mercado nacional. “Anteriormente tínhamos mais acesso aos Dólares em relação ao Euro, mas hoje a principal moeda de transações internacionais é o Euro.

Daí a grande procura pelo Euro e a desvalorização do Kwanza”, esclareceu. O especialista referiu que a inflação é “importada”, pelo facto de Angola ser dependente das importações de bens de consumo, máquinas e demais equipamentos. Este é o motivo, com o aumento do preço no mercado internacional, que advém de um aumento da taxa de câmbio ou a desvalorização do Kwanza, que tem como consequência a alta de preços no mercado interno e a diminuição do poder de compra das famílias. Em sua opinião, para minimizar a situação é necessário aumentar a produção nacional. “Infelizmente, vamos importar produtos durante muitos anos.

Contudo, se pudessemos substituir a produção externa pela interna, seria um grande avanço. Existem determinados serviços e produtos que podem ser produzidos no país”, realçou. Acerca dos incentivos destinados ao aumento da produção interna, referiu que esses passam pela construção de estradas de qualidade, a produção de energia eléctrica e água potável, assim como a redução dos incentivos fiscais para estimular a produção. Por outro lado, há produtos de fabrico nacional cuja matéria-prima é importada, uma situação que devia obrigar à redução das taxas aduaneiras, o que, prosseguiu, tornaria o produto mais barato.

Sobre a reacção dos bancos ante a situação, o especialista acha que devia consistir no aumento do volume de divisas no mercado, porém o Banco Nacional de Angola não tem grande capacidade para o efeito. Contudo, com a sua política actual, BNA, que decidiu manter uma taxa flutuante, “não vai intervir”. “Agora, se o BNA intervier, vai gastar as poucas divisas que possui para defender o Kwanza. E enquanto não o fizer, haverá uma subida gradual até encontrar a taxa de câmbio de equilíbrio”, explicou. Neste momento, um dólar custa 268,02 Kwanzas, e com esta nova cotação a moeda nacional acumula uma depreciação de 38 por cento. O valor disponibilizado no leilão serviu para cobertura de operações ligadas a viagens, ajuda familiar, saúde, propinas escolares, incluindo salários de expatriados até ao limite individual mensal equivalente a Euro 15 mil. No mercado paralelo, o Euro custa 430 kwanzas a venda, enquanto a moeda americana ontem (Terça-feira) esteve a ser transaccionada a 380 kwanzas. A sessão de vendas de divisas desta Segunda-feira, foi feita à luz do quadro do regime cambial flutuante em vigor desde 09 de Janeiro do ano em curso.