Angola e Zâmbia abrem fronteiras

Angola e Zâmbia abrem fronteiras

Os cidadãos naturais de Angola e da Zâmbia podem, a partir de hoje, Quinta- feira, 16, cruzar a fronteira comum, sem necessidade do visto de entrada concedido pelas autoridades migratórias.

Os dois Estados, representados pela parte zambiana por Michael Katambo, ministro do Interior em exercício, e por Balbina Dias da Silva, embaixadora de Angola na Zâmbia, confirmaram este facto numa breve cerimónia realizada na manhã de ontem na sede do Ministério do Interior em Lusaka. A embaixadora de Angola na Zâmbia, Balbina da Silva, recordou na ocasião que, no âmbito do acordo, a permanência de cidadãos nos dois lados da fronteira não deverá exceder os 90 dias, não sendo o entendimento válido para situações de fixação de residência, trabalho, estudo ou tratamento médico.

Zâmbia e Angola partilham uma fronteira de mais de 1000 quilómetros, sendo um desafio das autoridades dos dois os países a viabilização de infra-estruturas que incrementem a circulação de pessoas e de mercadorias, conforme ficou estabelecido entre ambos os Estados aquando da visita à Zâmbia do Presidente João Lourenço. Os dois governos apostam no incremento do comércio transfronteriço, incluindo as trocas comerciais em vários domínios. Angola e a Zâmbia realizam negócios cujo balanço anual ronda os USD 20 milhões. De Angola, os zambianos importam essencialmente produtos do mar, lubrificantes e materiais de construção. Produtos do campo, sementes e carne de vaca dominam as exportações zambianas para Angola.

O acordo de supressão de vistos vai, fundamentalmente, beneficiar os cerca de 25 mil angolanos residentes na Zâmbia, muitos dos quais há muitos anos sem manter contacto com os familiares. A composição social destes cidadãos é caracterizada por antigos combatentes e seus descendentes, muitos deles sem qualquer documentação que os vincule à terra de origem. Para a obtenção do visto para Angola, cobrava-se entre USD 100.00 a 200.00, um valor bastante generoso no orçamento das famílias, cujo sustento advém essencialmente da actividade agrícola. As reacções locais a esse facto não se fizeram esperar. A imprensa zambiana atribui amplo destaque ao acordo de supressão de vistos. Políticos, empresários e cidadãos comuns enaltecem os benéficos da livre circulação, com ênfase para o fortalecimento da amizade e da cooperação entre Angola e a Zâmbia.