Carta do leitor: Luanda, a chuva e o lixo

Governar a nossa capital é mesmo ingrato. Vou começar pela chuva e terminar no lixo. Parece que os deuses andam a combinar para fazer a vida negra aos citadinos.

POR: Fernado Teixeira Soares
do Marçal, Luanda

Quando alguns povos querem chuva para produzir comida, nós andamos aqui a pedir a “Deus” para ela não bater às portas das nossas cidades. Os populares de Luanda vivem um trauma e uma espécie de fobia de serem assaltados pela chuva. Mesmo nesta altura, em que presumimos estar longe de chegar o tempo de chuva, ouvem-se vozes agoirentas a dizer que a chuva está à porta, porque o tempo de Cacimbo acabou no passado dia 15 de Agosto (!), Autêntico, quem diz isso é o meu vizinho Kiala, que é pescador e tem a mania que sabe bué de meteorologia Não bate bem, diga-se a verdade. Todos os governadores que passaram por Luanda quiseram resolver os problemas causados pela chuva, mas faltaram-lhes os meios para realizar os programas, e o fiscal da natureza, a própria chuva, não deixou e passou um atestado de incompetência a todos os governadores que por Luanda passaram. Quanto ao lixo, diga-se que é um dos mais fedorentos males de Luanda, que pede a chegada de um Governador com caixa-alta, capaz, sobretudo, de combater a indisciplina dos populares, governar a cidade a sério e combater os males com determinação. Um governador que deve ser apoiado por todos nós. É que os problemas causados pelo lixo são muitos e as vontades são muito poucas.