Livros angolanos traduzidos e disponíveis em “Mandarim”

Livros angolanos traduzidos e disponíveis em “Mandarim”

Quatro livros da colecção “Clássicos da Literatura Angolana” passaram a estar disponíveis na língua chinesa Mandarin, desde a última Sexta-feira, 17, numa promoção e tradução de Shang João, investigador da Cultura Africana de Língua Portuguesa.

Trata-se de “Quem me dera ser onda”, “Uanga”, “O Pano Preto da Velha Mabunda” e “Undengue”, de autorias de Manuel Rui Monteiro, Óscar Ribas e Jacinto de Lemos, respectivamente, bem como dois da sua pena designadamente, “O Príncipe Medroso” e “Andando em cima do Papel Branco com cor Azul”. Segundo o mentor da iniciativa, o objectivo é apresentar à comunidade chinesa, quer a residente em Angola como aquela no oriente, sobre o potencial literário angolano, bem como mostrar que a China não importa apenas “pedreiros”, mas especialistas em vários domínios. “Há chineses em Angola que se interessam pela riqueza da literatura nacional, a sua história e todo o potencial, quer angolano assim como africano.

E uma das formas de trazer esse aprendizado é lendo. Daí que esses livros vêm suprir essa lacuna, e acima de tudo provar que não temos apenas mão-de- obra para Angola mas noutras valências mais”, frisou o autor. Entretanto, Shang João augura a continuidade da projecção de livros para China Oriental de modo a sedimentar o intercâmbio também na componente artística e cultural entre Angola e a China.“Futuramente tenciono continuar a publicar os contos e romances angolanos em Mandarim. Os estudantes da Faculdade de Letras da UAN e os do Instituto Confúcio mostraram-se satisfeitos com o intercâmbio através da cultura e dos idiomas”, apontou o investigador.

Nota do Editor

Em nota publicada pelo editor dos livros, Xie Fang, menciona que a “Colecção de obras literárias africanas em cinco cores” também inclui uma antologia de contos populares africanos, compilados por Shang João. Devido a razões históricas e práticas, até ao final do século XIX e início do século XX, histórias populares que circulavam no continente africano foram descobertas e publicadas por pessoas. Esta antologia de contos tradicionais africanos trata principalmente de histórias de países da África Subsaariana. “Por exemplo, o conto “O Caracol e o Antílope” lembra-nos que a inteligência pode superar a força física.

O conto “ O Coelho Branco “ mostra-nos que o fraco pode superar o poderoso. Em “Ideias estúpidas” se ridiculariza a ganância e se louva a bravura. Claro, há histórias de traição, como “O Coelho e o Macaco”. Sublinhe-se que estas histórias têm o mesmo substracto moral e filosófico que uma série de histórias folclóricas chinesas, como por exemplo “Por Que os Morcegos Voam à Noite” ou “Rato da Aldeia”. Esta antologia serve também para incentivar a divulgação e o intercâmbio cultural entre a China e a África”, rematou. Refira-se que, o acto de apresentação das obras, contou com a presença do escritor Manuel Rui, autor da obra “Quem me dera ser onda”, bem como do conselheiro da Embaixada da China em Angola, Li Bin, e de estudantes, e amantes das letras.

O autor

Shang João, o tradutor da colecção, nasceu em Xuchang, província de Henan (China). A residir actualmente em Angola, já teve passagem por Moçambique, Cabo Verde e outros países do continente africano. O tradutor tem conhecimento da língua portuguesa, e está familiarizado com as particularidades nacionais do português falado em Angola.